Luís Duque, antigo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LFPF), terá recebido na sua conta bancária 40 mil euros, provenientes da SAD do Desportivo das Aves, que não têm justificação na contabilidade. Terá ainda alegadamente ordenado a destruição de documentos quando o clube subiu à I Liga e é associado a transferências de 225 mil euros em dinheiro vivo — que Duque desmente veementemente ter feito.
Estas são revelações feitas numa auditoria independente feita às contas da SAD do Desportivo das Aves, noticiada este domingo pelo jornal Público. Luís Duque rejeita quaisquer irregularidades e garante que nunca foi dirigente do clube, apenas advogado dos investidores chineses e conselheiro de Luiz Andrade, então presidente da SAD.
A notícia daquele jornal baseia-se numa auditoria feita pela sociedade de revisores de contas Marques de Almeida, J. Nunes, V. Simões & Associados. Revela, por exemplo, que depois da época 2016/2017 deixou de haver um sistema de controlo interno dos fluxos de caixa na SAD do Desportivo das Aves. Foi nesse ano que o clube subiu à I Liga e, segundo o Público, Duque terá nessa altura dado ordens para que se queimassem documentos contabilísticos relativos aos anos anteriores.
A auditoria encontrou, também, dois registos de caixa de depósitos em dinheiro na conta do Desportivo das Aves, descritos como tendo sido realizados por Luís Duque e Luiz Andrade, num total de 225 mil euros. Luís Duque recusa qualquer participação dizendo que “é completamente falso. Ia depositar dinheiro no Aves a propósito do quê?”. Já Luiz Andrade diz ao Público que não se recorda destas entregas em dinheiro na SAD, admitindo que as possa ter feito.
Entre agosto e dezembro de 2017, diz o jornal, houve entradas em numerário para as quais os auditores não conseguiram apurar a origem. Também houve saídas de valores, que o Público diz terem sido em montantes “significativos”, sem registo contabilístico. Na época 2017/2018, Duque aparece como assessor, dando apoio à administração da SAD. Emitiu recibos verdes no total de 22,5 mil euros, por “serviços jurídicos” mas não há justificação para os 40 mil euros que lhe foram depositados na conta a 4 de julho de 2017.
O antigo presidente da Liga justifica-se dizendo que esses 40 mil euros, que confirma ter recebido, foram um reembolso de um mesmo valor que Duque tinha pago, do seu bolso, para a contratação de um jogador ao Desportivo de Chaves. “Tive de pagar eu ao Chaves. Eles [tesouraria da SAD do Aves] não tinham dinheiro e tive de pagar do meu bolso. Paguei pessoalmente com um cheque e depois eles devolveram-me o dinheiro”, explica, sem saber porque é que isso não está registado na contabilidade.