Duas semanas e meia depois, os clubes voltavam a encontrar-se na Liga de Clubes. Desta vez não para uma reunião que visasse a preparação do recomeço do Campeonato mas numa Assembleia Geral Extraordinária, convocada pelo próprio presidente onde seria discutido o futuro do órgão e da própria liderança. Aliás, esse tinha sido o principal ponto a 21 de março – ainda antes de qualquer contestação que iria surgir, e a mesma estava preparada, Proença esvaziou tudo logo a abrir com a marcação de uma reunião magna. Ou seja, qualquer pedido de demissão teve um impacto diferente. E havia 18 dias para se preparar nos bastidores o frente a frente, olhos nos olhos agora.

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Muito se passou nesse lapso de tempo. Da saída de Benfica e Casa Pia da Direção da Liga, reduzindo o número de clubes no órgão de oito para seis, à reunião de Proença com Rui Moreira tendo em vista o aumento e a melhoria das instalações da Liga de Clubes no Porto, houve posições e medidas públicas mas foi sobretudo fora desse espaço que se foi fazendo quase “política”. Uns na tentativa de evitarem aquilo que consideraram ser uma tentativa de tomada de poder despropositada e com outros objetivos mais profundos como mudar a sede para Lisboa, outros à procura de uma figura que reunisse um maior consenso para suceder na liderança. Umas notícias aqui, umas notícias ali. Um nome que surge, um nome que cai. Pequenos assuntos que se tornam grandes, grandes assuntos que são tratados como pequenos. E mais assuntos, como o fim da Segunda Liga, por exemplo.

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Proença foi o primeiro a chegar à Ordem dos Contabilistas Certificados, no Porto, seguindo-se os vários representantes dos clubes. Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa e António Salvador foram alguns dos líderes máximos presentes (Miguel Nogueira Leite, vice com o pelouro da parte jurídica, representou o Sporting). “Se o futuro de Proença está em causa? Está o dele, o meu, o seu… Ninguém sabe o dia de amanhã. Não tenho a mínima dúvida que continua. Também não está na ordem de trabalhos que possa sair”, atirou o presidente do FC Porto à chegada para a reunião. “Por que não? Por ter escrito ao Marcelo? Recebe tanta carta… Se me chateasse com quem lhe escreve, chateava-me com meio país. Divisão com o Benfica? Não sei. Esse assunto não está nos trabalhos. Não sei qual a posição no Benfica nos outros temas, mas até temos estado coincidentes”, acrescentou.

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A reunião teve início às 15h30 e o ponto que não estava na ordem de trabalhos, a continuidade de Pedro Proença, continuava a ser falados nos bastidores. Ainda assim, havia outros temas mais relevantes a breve prazo, nomeadamente votar a possibilidade de, a partir da 26.ª jornada que começa esta terça-feira com o Gil Vicente-Famalicão, poder haver cinco e não três substituições, o que faria também com que o número de elementos à disposição dos técnicos no banco subisse de sete para nove. Nota importante: apesar de ser possível fazer cinco alterações, os treinadores podem parar apenas três vezes o jogo. Essa alteração no regulamento foi aprovada, confirmou o Observador, bem como algo que parecia estar “resolvido” numa reunião que houve da Direção da Liga mas que foi agora de novo “ratificada”: Nacional e Farense sobem à Primeira Liga, Cova da Piedade e Casa Pia descem ao terceiro escalão (por troca com Vizela e Arouca) e ficam apenas por apurar as duas equipas que descem à Segunda Liga na temporada de 2020/21, que continuará a ter 18 formações nos dois escalões profissionais.

Em relação à continuidade de Proença, Sónia Carneiro, diretora executiva da Liga de Clubes, referiu no final que o assunto não foi sequer discutido. No entanto, a proposta para uma alteração no modelo de governação do órgão foi aprovada para ser posteriormente discutida e melhorada, tendo como principal medida o fim da representação de clubes na Direção (cinco da Primeira Liga, três da Segunda Liga) e a constituição de um Conselho de Presidentes a funcionar com a direção executiva. Ou seja, e quando tudo estiver devidamente preparado, terá de haver eleições para ratificar a proposta. Aí sim, o futuro de Proença estará em discussão. E isto se decidir avançar.