A Universidade de Évora aprovou a criação de uma escola na área da Saúde, com um futuro curso de Medicina “em carteira”, e deverá enviar o processo à tutela para homologação “no final de julho”, foi esta segunda-feira revelado.
“Este projeto tem sido feito um pouco também em colaboração com o Ministério da Ciência [Tecnologia e Ensino Superior], não é uma coisa que eu nunca tenha falado com o ministro”, disse esta segunda-feira à agência Lusa a reitora da Universidade de Évora (UÉ), Ana Costa Freitas.
A criação desta nova unidade orgânica, ou seja, da escola na área da Saúde, cujo nome ainda não está decidido, foi aprovada pelo Conselho Geral da UÉ, no final de maio, e divulgada esta segunda-feira pela instituição, em comunicado.
O projeto pedagógico e científico da escola está a ser preparado por uma comissão instaladora, constituída por “pessoas da UÉ”, para, “no final de julho, ser enviado para homologação” ao ministério tutelado por Manuel Heitor, revelou à Lusa a reitora.
Ana Costa Freitas assumiu esperar que o processo tenha um final positivo e que decorra rapidamente: “Espero que, em outubro, já tenhamos a escola homologada”, até porque, “para o 2.º semestre do ano que vem, já quero ter cursos abertos nesta área”.
“O projeto pedagógico e científico vai ser bastante inovador e o foco será a saúde pública”, que “achamos que é fundamental”, destacou a reitora, considerando que, na atualidade, com a pandemia de Covid-19, “ainda por cima, as pessoas tomaram consciência da importância que tem a saúde pública”.
No comunicado divulgado esta segunda-feira, a UÉ considerou a aprovação da criação da nova escola “um passo significativo para desenvolver os ensinos e a investigação na área da Saúde”, dando resposta ao plano estratégico da academia.
Faz parte do plano estratégico o reforço da área dos Percursos de Vida e Bem-Estar, portanto, o que diz respeito à Saúde”, disse a reitora, lembrando que as outras “âncoras” são o Mediterrâneo, o Património e o Aeroespacial e Transformação Digital.
A nova valência a criar na UÉ, onde existem as escolas de Ciência e Tecnologia, de Artes, de Ciências Sociais e de Enfermagem (esta última de ensino politécnico), vai possuir, na fase inicial, “dois departamentos”, revelou.
“Vai englobar o departamento de desporto e saúde e um outro departamento de ciência da saúde”, sendo que este agregará “pessoas dos departamentos de química, de biologia e de psicologia que fazem trabalhos e até projetos de investigação em áreas relacionadas com Saúde”, indicou.
O “nascimento” desta escola centrada na Saúde e Bem-Estar, de acordo com Ana Costa Freitas, está também “intimamente ligado” à intenção da Universidade de Évora em acolher, no futuro, um curso de Medicina.
“Eu acho que faz falta”, porque “não há ninguém que dê uma solução para o facto de termos poucos médicos na região do Alentejo”, argumentou Ana Costa Freitas, admitindo, contudo, que este curso só deverá ser uma realidade “daqui a dois ou três anos, eventualmente”, uma vez que, primeiro, é preciso consolidar “a parte da investigação científica nessa área”.
Em curso está uma “estratégia concertada” para atingir esse fim, com “três eixos”, que são a nova escola, a criação de “um centro académico clínico”, em parceria com o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e que “irá ser proposto este ano”, e o projeto de construção do Hospital Central do Alentejo, referiu.
A UÉ anunciou ainda esta segunda-feira a criação da Cátedra LifeSpan em Sustentabilidade Demográfica e Saúde, numa colaboração com o HESE e a Siemens, para a formação avançada multidisciplinar e transversal em áreas ligadas à medicina, saúde pública, envelhecimento e comorbilidades.
A Comissão Científica da escola na área da Saúde é constituída por Constantino Sakellarides, professor catedrático jubilado da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (UNL), Jaime Branco, professor catedrático da Faculdade de Ciências Médicas da mesma universidade, e João Guerreiro, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve.
Jorge Mota, professor catedrático da Faculdade de Desporto da Universidade de Porto; Jorge Simões, professor catedrático convidado do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da UNL, e Madalena Patrício, professora honorária da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, também integram a mesma comissão.