Jovens moçambicanos lançaram uma campanha para angariar apoios para a população deslocada por causa de violência armada no norte de Moçambique, disse esta terça-feira à Lusa um dos membros do Movimento Ativista Moçambique (MAM).

“A situação tende a piorar e isto preocupa-nos, por isso desenvolvemos a campanha e criámos uma central de apoio para coletar donativos”, disse Mauro Tsandzane, coordenador da ação.

As Nações Unidas estimam que haja 211.000 deslocados num conflito classificado pelo Estado e parceiros internacionais como uma ameaça terrorista. Em dois anos e meio de conflito estima-se que já tenham morrido, no mínimo, 600 pessoas.

Sob o lema “Cabo Delgado também é Moçambique”, a campanha, que decorre nas redes sociais, foi lançada na segunda-feira e vai ter a duração de três dias, nos quais se “apela à solidariedade nacional e internacional a favor dos deslocados”.

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A campanha é feita através das plataformas Facebook, Instagram e Whatsapp, nas quais os jovens trocam as suas fotos de perfil pelo mapa da província, sobre o qual está escrito o lema.

É feita também a partilha de vídeos e fotos de panfletos com o lema da ação numa iniciativa que já abrange igualmente estudantes moçambicanos no estrangeiro.

“As pessoas estão a apoiar e, acima de tudo, a ganhar maior consciência sobre o que realmente se passa em Cabo Delgado”, referiu Tsandzane.

As doações em dinheiro são feitas através de transferências bancárias e os produtos alimentares e roupas são recolhidos nas províncias nortenhas de Nampula e Cabo Delgado.

“Não tem sido fácil, alguns dos nossos ativistas que são do Norte e vivem a situação de perto, tem tido medo de entregar os donativos”, desabafou Mauro Tsandzane.

Apesar das dificuldades, o coordenador faz um balanço positivo dos dois dias da campanha e avançou que já se estão a desenvolver debates para que se redija um documento da juventude sobre a situação de Cabo Delgado, com vista a “apelar ao governo a tomar uma posição mais interventiva para resolver o conflito naquela província”, concluiu.

A coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique pediu no dia 4 um total de 35 milhões de dólares (30 milhões de euros) à comunidade internacional para apoiar os deslocados pelos ataques armados em Cabo Delgado.

“A população está completamente exausta e em desesperada necessidade de humanidade e solidariedade”, referiu Myrta Kaulard.

O Plano de Resposta Rápida para Cabo Delgado para ser aplicado de maio a dezembro “vai dar prioridade a necessidades urgentes daqueles que foram afetados pelo aumento da violência”, segundo o comunicado nas Nações Unidas.