O CDS exige que o governo defina um plano e um calendário para o próximo ano letivo, alertando que em “circunstâncias normais” essa preparação iria ocorrer no mês de julho. Para o CDS, o que o executivo anunciou até agora não é suficiente e adverte que o “tempo continua a escassear“. A coordenadora dos centristas na comissão de Educação, Ana Rita Bessa, disse em conferência de imprensa esta segunda-feira no Parlamento que é “essencial” que exista já “um plano A” para o início do ano letivo, considerando que é “incompreensível que haja só um vazio“. As preocupações centristas foram transformadas em dez perguntas ao governo.
A deputada do CDS exige assim — nessas perguntas à tutela — que o executivo explique como vai preparar as aulas presenciais, como vão ser envolvidas as escolas no planeamento do próximo ano letivo e que diga em que semana do mês de setembro será o regresso às aulas e se o calendário será igual “do pré-escolar ao ensino secundário”. Para Ana Rita Bessa, as escolas precisam de tempo para preparar as aulas presenciais e as “famílias precisam de organizar a sua vida”, até porque os “apoios que tiveram até aqui, vão terminar.”
Na mesma conferência de imprensa, Ana Rita Bessa pediu ao ministério da Educação “que se desconfine e assuma o seu papel”, sugerindo que há um atraso injustificado por parte do executivo na preparação do próximo ano letivo. O CDS não consegue compreender o que “inibe o Ministério da Educação de apresentar um plano” nem “quais são os parâmetros para a tomada de decisão, desde logo no quadro da saúde pública, que, ao dia de hoje, adiam a apresentação de um ‘plano A'”. Estas dúvidas fazem parte de um rol de 10 questões que a bancada do CDS enviará na forma de pergunta ao governo.
A deputada do CDS destacou que “a resposta de emergência [nos últimos meses] não é uma resposta de normalidade” e lembrou que a “migração forçosa para o ensino a distância até ao final do ano letivo – é contestável que tivesse que ser forçada até ao final do terceiro período – desocultou desigualdades estruturais e acresceu dificuldades conjunturais”. Para Ana Rita Bessa, como o ensino à distância aumenta as desigualdades sociais, “a dimensão de mobilidade social da escola requer a presença física para se cumprir”.
Antecipando que estas dificuldades podem continuar a agravar-se, outra das questões que o CDS tem a fazer ao governo é: “Como fica a promessa, feita em 9 de abril, pelo primeiro-ministro, de que o ano letivo começaria com um computador para cada aluno?”
O CDS está ainda preocupado com as matérias que se perderam pelo caminho. Para Ana Rita Bessa, as “escolas terão que diagnosticar a situação concreta dos seus alunos quer do ponto de vista das aprendizagens realizadas no presente ano letivo quer do ponto de vista da sua formação integral”. Nesse sentidos os centristas perguntam ao governo se as escolas poderão ter acesso a “créditos horários para poder desenvolver tutorias ou aulas de recuperação” e se o Governo previu uma “verba orçamental no orçamento retificativo para isso”.
Os centristas estranham que o governo já tenha marcado uma data para a devolução dos manuais escolares, já que não compreende como isto se “compatibiliza” com “a necessidade de recuperação da matéria”. E questiona ainda: “Haverá penalizações para as famílias que não devolverem os manuais escolares?”