Bruno Lage tem esta quinta-feira um dia decisivo no Benfica. O treinador que no ano passado renovou por duas vezes o contrato com o clube (em fevereiro até 2023, em dezembro até 2024) reúne-se hoje com os responsáveis dos encarnados, nomeadamente com o presidente Luís Filipe Vieira, e irá abordar o futuro no comando da equipa, sendo certo que não ficará na próxima temporada. A dúvida, essa, passa por saber se vai ainda cumprir as últimas seis jornadas da atual Campeonato – bem como a final da Taça de Portugal, frente ao FC Porto, marcada para 1 de agosto – e existe a possibilidade de rescindir de imediato com o conjunto da Luz.

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No seguimento da derrota caseira com o Santa Clara, que deixou a equipa a três pontos do líder FC Porto, a situação de Lage mudou. Mais do que as duas vitórias nos últimos 12 jogos, que levaram a que o Benfica perdesse a vantagem de sete pontos que tinha quando defrontou o principal rival no Dragão, os responsáveis entendem que se chegou a um fim de ciclo. Ou seja, o treinador deixou de merecer a confiança da administração da SAD, que verificou também que o plantel não tem reagido numa altura decisiva da temporada, não só pelos maus resultados alcançados mas ainda pela falta de qualidade exibicional e muitos erros em momentos críticos da Liga.

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Assim, a utilização de Zivkovic quando há meses que não era opção (não só pelo rendimento nos treinos mas por se ter recusado a encontrar uma solução que lhe permitisse jogar, o que possibilitaria que o peso que tem na massa salarial fosse avaliado) e a conferência de imprensa após a derrota com o Santa Clara foram episódios que levaram a acelerar uma ideia que já existia: a melhor solução para o futuro seria haver uma troca técnica mas o que deveria apenas acontecer no final da temporada pode agora ser precipitado face ao atual contexto.

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Apesar de, na entrevista antes do arranque do Campeonato à BTV, Luís Filipe Vieira ter destacado que Bruno Lage iria sempre ser o treinador do Benfica em 2020/21 ganhasse ou não o título, a realidade mudou e não foi apenas nos cinco pontos conquistados em 12 possíveis. Assim, a ideia original que passava por abordar o futuro no final da temporada será antecipado para esta quinta-feira. No entanto, há um ponto importante na questão: caso o técnico considere que mantém todas as condições e não queira chegar a um acordo para sair, a elevada compensação que teria de ser paga face ao vínculo até 2024, acima dos cinco milhões de euros, poderia travar o processo.

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Desta forma, existem dois cenários possíveis, ambos com um nome em comum: Marco Silva. Caso Bruno Lage deixe já o comando técnico, e por haver jogo na Madeira na próxima segunda-feira com o Marítimo, Renato Paiva, que subiu dos juniores para a equipa B quando Lage substituiu Rui Vitória na formação principal, poderá fazer a transição por uma jornada ou até ao final da temporada; se a saída acontecer apenas no final da temporada, aí não haverá solução de recurso. O antigo treinador do Everton, que antes passou por Sporting, Olympiacos, Hull City e Watford, é um dos nomes que agradam na Luz e já foi cogitado noutras ocasiões.

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Depois de substituir Rui Vitória no comando da equipa do Benfica à 16.ª jornada, fazendo uma série de 18 vitórias e um empate (entre outros recordes coletivos de golos marcados e individuais de triunfos nos jogos de arranque), Bruno Lage sagrou-se campeão em 2018/19, tendo caído nas meias-finais da Taça de Portugal com o Sporting e nos quartos da Liga Europa. Esta época, apesar de ter falhado a qualificação para os oitavos da Champions (foi para a Liga Europa, onde caiu com o Shakhar Donetsk), o Campeonato voltou a começar da melhor forma com 48 pontos em 51 possíveis na primeira volta, além da conquista da Supertaça com uma goleada frente ao Sporting. Todavia, a derrota com o FC Porto no Dragão quando a equipa tinha sete pontos de avanço promoveu uma queda a pique nos resultados, salvando-se apenas a obtenção da passagem à final da Taça de Portugal.