Branco, branqueamento, claro ou clareamento são palavras que vão deixar de ser usadas nos produtos para a pele da L’Oréal. A multinacional francesa anunciou este sábado que irá remover estas expressões dos seus produtos de cuidados para a pele, na sequência das manifestações antirracismo motivadas pela morte de George Floyd, o afroamericano que foi asfixiado até à morte por um polícia.

A decisão foi anunciada num comunicado emitido este sábado onde a marca diz que decidiu “remover as palavras branco/branqueamento, claro/clareamento de todos os seus produtos para a pele”, escreve a Associated Press.

A L’Oréal não é, no entanto, a primeira marca a tomar uma decisão deste género. Na quinta-feira, a multinacional Unilever também anunciou o mesmo, depois de se ver alvo de críticas na sequência da morte de Floyd.

Também a L’Oréal foi amplamente criticada depois de no início do mês ter feito um tweet em solidariedade “com a comunidade negra e contra qualquer qualquer tipo de injustiça”. A publicação teve um efeito contrário e acabou por provocar reações negativas dos utilizadores que acusaram a multinacional de estar muito focada nos consumidores brancos.

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Uma delas foi Munroe Bergdorf, a modelo negra e transgénero que foi contratada pela L’Oréal, em agosto 2017, para fazer uma campanha de promoção de uma série de bases de vários tons de pele, mas foi dispensada pouco depois. O motivo? Ter feito uma publicação na sua página do Facebook onde comentava um protesto em Charlottesville, Virgínia, na qual um manifestante anti-extrema-direita foi morto por um supremacista branco.

“Honestamente, não tenho mais energia para falar sobre a violência racial dos brancos. Sim todos os brancos… Porque a maioria de vocês nem sequer percebe ou recusa-se a reconhecer que a vossa existência, privilégio e sucesso como raça é construída sobre as costas, o sangue e a morte das pessoas de cor”, escreveu então Munroe Bergdorf.

A publicação gerou alguma polémica e o Facebook acabou mesmo por eliminá-la, alegando que violava os seus padrões. Ao mesmo tempo, a L’Oréal anunciava o fim da parceria com a modelo, no Twitter: “A L’Oréal defende a diversidade. Os comentários de Munroe Bergdorf estão em desacordo com nossos valores e, por isso, decidimos encerrar a nossa parceria com ela”.

Agora, recorrendo ao Instagram, Munroe Bergdorf veio criticar a publicação de solidariedade da L’Oréal, relembrando o episódio que se passou consigo. “Vocês tiraram-me de uma campanha em 2017 e atiraram-me aos lobos por falar de racismo e supremacia branca”, lê-se na publicação feita no passado dia 1 de junho.

https://www.instagram.com/p/CA5ThI8ggfO/

Dias depois do desabafo, a modelo e ativista anunciou no Twitter que tinha tido uma “conversa aberta e construtiva” com a nova presidente da L’Oréal Paris, Delphine Viguier, que expressou “arrependimento” pela situação. No tweet, Munroe Bergdorf  deixava no ar a possibilidade de uma “nova e positiva relação com a equipa da L’Oréal — o que se concretizou: a modelo aceitou integrar o Conselho Consultivo para a Diversidade e Inclusão da marca no Reino Unido.

https://twitter.com/MunroeBergdorf/status/1270297538286018560?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1270297538286018560%7Ctwgr%5E&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.publico.pt%2F2020%2F06%2F12%2Fimpar%2Fnoticia%2Ftres-anos-loreal-retractase-recupera-activista-negra-transgenero-munroe-bergdorf-1920340

No Instagram da multinacional, Viguier detalhou que teve “uma conversa honesta e transparente” com Bergdorf, adiantando que a L’Oréal irá doar algum dinheiro para causas que defendem a justiça social. “Apoiamos a luta de Munroe contra o racismo sistémico e, como empresa, estamos comprometidos em trabalhar para desmontar esses sistemas”, lê-se ainda.