O novo presidente do Eurogrupo, o irlandês Paschal Donohoe, disse esta quinta-feira que fará o seu melhor para dar continuidade ao “grande trabalho” de Mário Centeno, que classificou como colega, amigo e (já) “governador”.
Na sua primeira intervenção como presidente eleito do fórum de ministros das Finanças da zona euro, na conferência de imprensa que se seguiu à sua eleição, Donohoe não poupou elogios ao trabalho do antigo ministro das Finanças português, garantindo mesmo que tudo fará para dar mostras das mesmas qualidades que viu em Centeno ao longo dos últimos dois anos e meio.
Quero começar por reconhecer o imenso trabalho do meu colega, meu amigo e agora governador, posso dizer, Mário Centeno, que durante o seu mandato como presidente do Eurogrupo lançou as fundações para permitir que o nosso euro, nossa moeda comum, fosse mais forte e mais resiliente em tempos de grandes desafios”, declarou.
Afirmando que “foi um grande privilégio ter a oportunidade de trabalhar muito de perto com o Mário, tanto como colega, enquanto ministro das Finanças de Portugal, e depois como presidente do Eurogrupo”, o ministro irlandês disse ter tido a oportunidade de testemunhar, “em primeira mão, as suas qualidades e capacidades, paciência e dedicação em levar os debates em frente”.
E eu farei o meu melhor para prosseguir essas qualidades durante o meu mandato como presidente do Eurogrupo”, continuou.
Donohoe assegurou que vai “trabalhar de perto com todos os membros do Eurogrupo para ver como é que o euro, a nossa moeda comum, pode ser uma fundação na resposta aos grandes desafios” que estão pela frente, assumindo que estes são “profundos”.
Por muito grandes que esses desafios sejam, estou absolutamente convencido de que teremos a capacidade para os ultrapassar. E vou desempenhar a minha parte para garantir que este grupo dá o seu contributo para a recuperação” da economia europeia, fortemente atingida pela crise da Covid-19, adiantou.
A eleição de Donohoe ocorreu durante uma reunião por videoconferência que assinalou a despedida europeia de Centeno, entretanto nomeado para o cargo de governador do Banco de Portugal, e a estreia do seu sucessor como ministro das Finanças, João Leão.
Em 25 de junho, o Governo comunicou ao presidente da Assembleia da República a proposta de nomear o ex-ministro das Finanças para o cargo de governador do Banco de Portugal.
A escolha de Centeno foi polémica, pelo facto de este responsável passar quase diretamente do Ministério das Finanças (onde foi ministro até junho) para o Banco de Portugal e, em 9 de junho, foi aprovado no parlamento, na generalidade, um projeto do PAN que estabelecia um período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas na área das Finanças e o desempenho do cargo de governador.
Contudo, em 17 de junho a esquerda parlamentar (PCP e BE, sendo já sabido que PS era contra) demarcou-se da intenção do PAN de estabelecer esse período de nojo e, em 25 de junho, o parlamento suspendeu por quatro semanas a apreciação na especialidade do projeto do PAN até chegar o parecer pedido ao Banco Central Europeu, no mesmo dia em que o executivo comunicou oficialmente a sua escolha para o Banco de Portugal