São 161 os surtos ativos no país, segundo dados avançados pela ministra da Saúde, na conferência de imprensa desta sexta-feira. Do total, mais de metade estão na região de Lisboa e Vale do Tejo, que contabiliza 107 surtos. Há ainda 27 no Norte, 10 no Centro, cinco no Alentejo e 12 no Algarve.
“A situação da epidemia no país permanece marcada pela força dos números de Lisboa e Vale do Tejo, concretamente na zona norte e em 19 freguesias específicas”, disse Marta Temido.
A governante adiantou que, para os últimos cinco dias analisados (de 3 a 7 de julho), o número médio de casos secundários resultante de um caso detetado, o RT, foi de 1, tendo “subido ligeiramente”: por regiões, 1,12 no Norte, 1,06 no Centro, 0,98 em Lisboa e Vale do Tejo, 0,95 no Alentejo e 0,81 no Algarve.
Este valor nacional indica mais uma vez que o número de novos casos a cada geração é aproximadamente constante — o que mostra a necessidade de continuarmos a trabalhar”, disse ainda.
A ministra da Saúde disse que situação dos lares “mostra que de facto a letalidade é elevada para aquilo que foram os óbitos que aconteceram no país”, mas lembra que é o “mesmo padrão” de outros países. Marta Temido adiantou que 628 dos mortos em Portugal eram utentes que viviam em lares de idosos: 296 no Norte, 143 no Centro, 168 em Lisboa e Vale do Tejo, 16 no Alentejo e cinco no Algarve.
Já sobre as estruturas da rede nacional de cuidados continuados integrados — que não são específicas para pessoas idosas —, a ministra explicou que “a letalidade é muito baixa”. “Não há um óbito desde meados de abril“, disse.
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Desde 1 de março foram realizados mais de um milhão de testes em Portugal
Questionada pelos jornalistas sobre a descida do número de testes realizados por cada mil habitantes, a ministra da Saúde afastou essa ideia e explica que Portugal, de acordo com o site World Meters, é o quinto país da União Europeia que mais testes realiza. Marta Temido adiantou que, desde o dia 1 de março até ontem [9 de julho], foram realizados mais de um milhão e 316 mil testes. Destes, 6,1% foram realizados em março, 26,4% em abril , 32,2% em maio, 26,8% em junho e em julho já foram realizados 8,5% do total.
Gostava de ser muito clara: no mês de abril foi feita uma média de 11.500 testes, em maio a média foi de 13 mil testes, em junho foi de 11.700 testes e julho está a ser outra vez de 13.700 mil testes”, explicou.
Marta Temido considerou que o país está a ter uma estratégia de testagem “intensiva, alargada, com a participação de vários setores”. “E isso é algo de que não pretendemos abdicar”, avisou. Até porque, no outono/inverno, “vamos ter uma situação de confluência provável, com uma caracterização que não podemos antecipar, entre os vírus tradicionais e o novo SARS-COV-2”.
Temos de nos preparar para a gripe sazonal e agora temos de nos preparar para esta nova realidade”, avisou.
Sobre a utilização obrigatória de máscaras na rua, Marta Temido explicou que o uso das máscaras é uma “barreira suplementar”, nos momentos em que “o temos de fazer”. “Não sentimos necessidade de adoção de outras medidas“, disse. Ainda assim, a ministra disse que este é um “tema em aberto” e são sempre avaliadas as várias opções.
Estudo alerta para transmissão do vírus no útero. DGS que não altera orientações existentes
Sobre um estudo realizados pela universidade de Milão, em Itália, sobre a transmissão da doença de mãe para filho ainda dentro do útero, a diretora-geral da Saúde admitiu que “poderá haver” essa passagem, mas “este conhecimento não altera em nada as recomendações que estão em vigor”.
“Este conhecimento científico não altera a orientação”, disse ainda, acrescentando: “Relativamente a este estudo que indicia que pode haver transmissão vertical, ou seja de mãe para filho — já existiam outros estudos que iam nesse sentido, não é definitiva esta informação — e indica que sim, poderá haver passagem transplacentária de mãe para filho”.
DGS vais corrigir “todos os boletins desde o dia 30 de junho”
A ministra da Saúde revelou ainda que “até ao final do dia de hoje [sexta-feira], a DGS irá proceder à atualização dos boletins Covid-19”, desde 30 de junho, inclusive. Com a atualização, a DGS irá emitir uma nota explicativa detalhada.
“Após a análise dos dados da passada sexta-feira, verificou-se que a data mais antiga de resultados dos testes remontava a 29 de junho, pelo que se procederá à atualização de todos os boletins da DGS publicados desde 30 de junho, sendo emitida também uma nota explicativa”, disse.
“Proceder-se-á igualmente à atualização dos dados relativos à distribuição dos casos por grupo etário”, disse a ministra, adiantando que, em relação aos casos por concelho, será regularizada a partir do boletim do dia 14 de julho. Serão igualmente distribuídos os dados por grupo etário, que têm estado omissos do boletim nos últimos dias.
A ministra da Saúde aproveitou ainda esta conferência para garantir que, apesar de as reuniões no Infarmed terem terminado, a informação vai continuar a ser disponibilizada. “A opção pelo não agendamento de uma reunião no Infarmed foi função daquilo que era a necessidade de completar alguns trabalhos durante algum tempo“, disse adiantando que irá ser disponibilizado um relatório com informação epidémica e dos fatores de risco e daquilo que é a situação noutros países.