Esta terça-feira, Catarina Martins foi ao Porto reunir-se com elementos da Administração Regional de Saúde do Norte, “ a primeira região a sofrer os impactos da pandemia”, onde “muitos dos procedimentos foram alargados para o resto do país”. “Parece-nos claro que a situação que estamos a viver não é uma situação que vá desaparecer de um dia para o outro. Não são dois ou três meses e acabou o vírus ou acabou a pandemia, como está à vista de todos. Temos uma enorme preocupação na capacidade do SNS de dar uma resposta prolongada à situação de Covid, ao mesmo tempo que responde a tudo o resto.”
O encontro durou mais de um hora e à saída a coordenadora do Bloco de Esquerda recordou os números divulgados esta terça-feira pelo portal de monitorização do SNS, que dão conta que entre janeiro e junho de 2020 os profissionais de saúde fizeram mais de um milhão de horas extraordinárias. “O Governo decidiu hoje dar incentivos para a recuperação do que foi adiado e cancelado, e ainda bem que o faz, o problema é que os profissionais de saúde, mesmo sem incentivos, já fizeram um milhão de horas extraordinárias só na primeira metade do ano. O que quer dizer que os incentivos não são suficientes.”
Profissionais de saúde do SNS trabalharam oito milhões de horas a mais no primeiro semestre
Para Catarina Martins é necessário, por um lado, contratar mais profissionais de saúde e, por outro lado, vincular os profissionais que foram contratados temporariamente para a Covid-19, pois “este temporário não é assim tão temporário quanto isso”. “Queremos que estes profissionais tenham a estabilidade de saber que vão ficar no SNS, se não corremos o risco de eles começarem a ir embora e nós precisamos deles.”
Sobre as negociações, a partir de amanhã, para o próximo Orçamento do Estado, a líder do BE considera que elas “nunca foram fáceis” e que para existirem acordos à esquerda “não pode ser só conversa”.
“A política não pode ser um jogo de conveniências, tem de ser afirmação de convicções e de projetos para o país. O que as pessoas sabem neste país é que os acordos formais ou informais entre PS e PSD deram sempre corte nos serviços públicos, salários e direitos do trabalho. Pelo contrário, para haver acordos com a esquerda não pode ser só conversa, têm que ser medidas concretas que defendam o emprego, os direitos de quem trabalha e os serviços públicos, desde o logo o SNS.”