Mulheres ou torres de marfim? As silhuetas confundiram-se na performance que deu a conhecer, esta terça-feira à tarde, a coleção de alta-costura outono-inverno 2020/21 da Valentino. Nos estúdios da Cinecittà, em Roma, o engenho tecnológico, criatividade e a arte do atelier da marca italiana compensaram a ausência de um desfile.
Pierpaolo Piccioli, o diretor criativo, criou apenas 15 visuais, um claro reajuste em relação às dezenas de coordenados que habitualmente desfilam nesta temporada. Em vez de Paris, onde a marca tem apresentado as suas coleções, o designer optou por levar este momento até Roma, cidade que há seis décadas viu nascer o atelier de Valentino Garavani.
O branco dominou, com metros e metros de folhos, franjas, plumas e bordados e estenderem-se muito além das já faustosas caudas desenhadas por Piccioli. Aqui, o propósito foi cénico, com as manequins em pedestais, outras suspensas em trapézios ou até mesmo a pairar, presas por cordas invisíveis. Na escuridão total dos maiores estúdios de cinema da Europa, sobressaiu a monumentalidade das peças.
“Ao longo da história, em momentos de redefinição ou de recomeço, os valores humanos são colocados no centro. Este é um desses momentos”, pode ler-se no texto partilhado pela marca sobre o conceito da coleção “Of Grace and Light”. Piccioli fala ainda de um diálogo entre o humano e o digital, cujo resultado é um trabalho de luz, som e movimento concretizado pelo fotógrafo britânico Nick Knight e pela cantora e compositora FKA Twigs.
Numa obra de Knight, as peças são transformadas em telas para projeções de cor e imagens que ganham tridimensionalidade. A distorção e o ruído fazem parte da performance que culmina com o revelar das peças sem jogos de luz, apenas ao som da voz da cantora britânica.
Itália volta a ser palco de um importante momento do calendário da moda, já na próxima quarta-feira. A Dior apresenta a sua coleção resort no centro histórico de Lecce, no sul do país.