O governo britânico admitiu esta quinta-feira que não vai ser possível alcançar um acordo pós-Brexit com a União Europeia (UE) até ao final do mês, alegando “áreas de desacordo substanciais”, atirando um possível acordo para setembro.
“Infelizmente, é claro que não alcançaremos em julho o “entendimento antecipado dos princípios subjacentes a qualquer acordo que foi definido como objetivo na Reunião de Alto Nível em 15 de junho”, refere o negociador-chefe do Reino Unido, David Frost, em comunicado.
Na altura, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, manifestou-se convicto na possibilidade de um acordo até ao final deste mês. Porém, segundo Frost, as propostas da UE até agora não respondem aos princípios determinados pelo Governo e, portanto, “permanecem áreas de desacordo substanciais”.
Frost adianta terem existido algumas propostas positivas sobre o papel do Tribunal de Justiça, e elogiou a “abordagem mais pragmática” de Bruxelas, tal como mostrou abertura para uma alternativa ao complexo conjunto de acordos para diferentes setores semelhante ao modelo suíço. “Estamos prontos para considerar estruturas mais simples, desde que sejam encontrados termos satisfatórios para solução de conflitos e governação”, adiantou. “Também tivemos discussões construtivas sobre o comércio de bens e serviços e, em alguns acordos setoriais, notadamente sobre transportes, cooperação na segurança social e participação em programas da UE”, revelou.
Todavia, vincou, “permanecem lacunas consideráveis nas áreas mais difíceis, ou seja, nas chamadas condições equitativas e nas pescas”, enfatizando que o Governo não prescinde dos princípios nessas áreas. Frost considera contudo existirem “grandes áreas de convergência” em muitas das áreas nas quais decorrem as negociações e amplos precedentes e textos nos quais é possível basear o trabalho.
A próxima ronda de negociações está agendada para a próxima semana em Londres e depois as negociações só serão retomadas a 17 de agosto, reduzindo o tempo para chegar a um entendimento, mas Frost admite que seja possível um acordo em setembro.
A fase de transição que foi negociada após a saída formal do Reino Unido da UE, a 31 de janeiro, e que manteve o acesso do país às estruturas europeias e ao mercado único europeu termina a 31 de dezembro.
“Embora continuemos a procurar energicamente um acordo com a UE, devemos enfrentar a possibilidade de que um não seja alcançado e, portanto, devemos continuar nos preparando para todos os cenários possíveis para o final do período de transição no final deste ano.