A China não está a cumprir o acordo comercial que foi assinado com os EUA em janeiro, que o Presidente Donald Trump “vendeu” como uma vitória importantíssima para a diplomacia e para a economia norte-americanas. Dados citados pela Reuters comprovam que no caso da energia a China só realizou 5% das compras aos EUA, na primeira metade do ano, uma pequena porção do objetivo que ficou acordado entre as partes.

As indicações de que a China não estaria a cumprir as metas, tanto na energia como em vários outros bens e serviços, há vários meses têm criado instabilidade nos mercados financeiros – são apontadas como um dos fatores por detrás da escalada do preço do ouro nas últimas semanas. Estas são metas acordadas no âmbito da chamada “Fase 1” do acordo, e Donald Trump já deu a entender que não está “interessado, neste momento, em falar com a China” a respeito da Fase 2, ou seja, o protocolo subsequente que se deveria seguir, em circunstâncias normais, às medidas negociadas para a Fase 1.

“Nós obtivemos um ótimo acordo comercial”, disse Trump em meados de julho. “Mas assim que o acordo foi celebrado, ainda a tinta não tinha secado, e eles atingiram-nos com esta praga”, acrescentou, em alusão à pandemia do novo coronavírus.

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A Fase 1 previa que a China comprasse bens agrícolas e industriais, além de energia e serviços, no valor de 200 mil milhões de dólares ao longo dos dois anos seguintes (o equivalente a cerca de 170 mil milhões de euros). Mas a imprensa norte-americana já escreveu que, devido à pandemia e ao comprovado incumprimento por parte da China, “o acordo comercial com a China está mais morto do que os mortos”.

No caso da energia, o acordo da Fase 1 previa que a China comprasse aos EUA 25,3 mil milhões de dólares. Mas em toda a primeira metade de 2020, as importações chinesas de petróleo, gás natural liquefeito, carvão metalúrgico e outros produtos totalizaram apenas 1,29 mil milhões entre janeiro e junho – isto segundo as contas que a Reuters fez a partir dos dados chineses sobre a atividade alfandegária.

Não sendo expectável uma aceleração capaz de recuperar o tempo perdido, de modo a cumprir o objetivo, este é um incumprimento que arrisca tornar ainda mais precárias as relações diplomáticas entre os EUA e a China, quando estamos a poucos meses das eleições presidenciais nos EUA que, a julgar pelas sondagens feitas até ao momento, Trump terá muitas dificuldades em obter novo mandato.

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