Um tribunal na Califórnia ordenou na segunda-feira a Uber a classificar os motoristas da plataforma como “empregados” da empresa. A medida, que também afeta a principal concorrente desta plataforma nos Estados Unidos da América, a Lyft, já esta a criar problemas e pode mesmo levar à saída da Uber da Califórnia, afirmou o presidente executivo da empresa, Dara Khosrowshahi, como avança o The Verge.

Da mesma maneira que um passageiro é um cliente da Uber, os motoristas também assim são encarados por esta plataforma de transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados (TVDE). Na prática, por não estarem vinculados à Uber, os motoristas podem utilizar outros serviços concorrentes, não tendo, contudo, as proteções que teriam se tivessem um contrato de trabalho.

Este conceito, intitulado de “gig economy“, em inglês, permite a estas empresas terem maior facilidade de crescimento. Apesar de não conceder tantas garantias e flexibilidade como um contrato de trabalho, o que leva muitos a criticarem este modelo, também tem a vantagem de permitir ao motoristas definirem os seus horários com maior flexibilidade, por exemplo.

Porém, o procurador-geral da Califórnia, Xavier Becerra, não considera que este modelo de negócio seja lícito. Por causa disso, e juntamente com o procuradores de Los Angeles, São Francisco e San Diego, processou a Uber e a Lyft por tratarem indevidamente os motoristas como trabalhadores independentes. Argumento que, devido a uma nova lei estatal, foi confirmado pelo juiz californiano Ethan Schulman. As empresas, contudo, recorreram da decisão.

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Devido a uma injunção interposta por Becerra, a Uber e a Lyft poderão, assim, ter de classificar automaticamente os motoristas como empregados. Isto implicará custos avultados, como ter de passar a pagar, pelo menos, um ordenado mínimo e providenciar ajudas de custo. Por este motivo, Khosrowshahi considera sair da Califórnia, um dos maiores mercados da Uber nos EUA e, ironicamente, o estado onde a empresa foi fundada e tem a sua principal sede física.

Uber vai despedir mais 3.000 pessoas devido ao impacto da pandemia de Covid-19

Em maio, a Uber começou a acusar os efeitos da falta de mobilidade por causa da pandemia da Covid-19 e Dara Khosrowshahi abdicou do salário na mesma altura em que anunciou que três mil funcionários iam ser despedidos. Duas semanas depois, a empresa voltou a fazer cortes e despediu 3.700 pessoas. Este impacto também já foi sentido em Portugal, com a Uber a despedir cerca de 120 pessoas na zona de Lisboa em junho.