O presidente do CDS acusa a ministra da Solidariedade e Segurança Social de desvalorizar o impacto da pandemia em lares de terceira idade depois de Ana Mendes Godinho ter afirmado que não tinha ligo o relatório da Ordem dos Médicos que apontou para várias falhas e incumprimento de regras na gestão do surto que ocorreu em Reguengos de Monsaraz e que provocou 18 mortos. E defende que a “sua continuidade em funções é uma questão de saúde pública” pelo que pede “que se mantenha em férias e dê lugar a outro.”
Em declarações à Rádio Observador, Francisco Rodrigues dos Santos assume que o partido defende o afastamento de Ana Mendes Godinho, lamentando que em cinco meses o Governo não tenha ainda apresentado um plano estratégico e operacional para impedir as infeções nos lares e limitar o seu impacto quando surgirem casos. O líder do CDS diz que o partido quer chamar ao Parlamento para dar explicações sobre este caso, a ministra da Saúde, a diretora-geral da Saúde e futuro ministro da Segurança Social, numa alusão à substituição da atual titular da pasta. E considera que o reforço de funcionários anunciado por Ana Mendes Godinho para o setor social peca por tardio.
Em comunicado divulgado na sequência da entrevista dada ao Expresso, Francisco Rodrigues dos Santos considera que as declarações da ministra revelam “a sua total inabilidade para o cargo”, para além de espelharem uma negligência arrepiante, as suas afirmações parecem retiradas de um filme de terror”. Conclui ainda que “Portugal não tem uma Ministra da Solidariedade Social. Tem uma Ministra da Insensibilidade Social”.
Nesta entrevista, Ana Mendes Godinho afirma que a situação dos surtos em lares de terceira idade em Portugal, não é demasiado grande em proporção. “Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afetadas pela doença. Mas, claro, isto não significa que não devamos estar preocupados”, ascrescenta.
Referindo que 40% das mortes por Covid-19 em Portugal ocorrerem em lares de terceira idade (uma situação que também se verificou em outros países europeus) , o dirigente do CDS diz que a ministra “não só faz vista grossa das estatísticas, como prova que não aprendeu nada com gestão da pandemia.” E denuncia que continua a faltar o básico nos lares, relembrando que o CDS defendeu há vários meses a necessidade de haver uma fiscalização por parte da tutela.
Voltando a recordar números da pandemia nos lares — surtos em 73 estabelecimentos e mais de 500 idosos infetados — Francisco Rodrigues dos Santos diz ainda que não foram dadas “uma explicação, uma resposta, um estratégia, um plano, um pedido de desculpas”.