Novos estudos científicos reforçam a ideia de que as pessoas que levaram a vacina da BCG (contra a bactéria que provoca a tuberculose) podem apresentar uma doença menos grave no caso de infeção com o SARS-CoV-2, noticiou o Diário de Notícias. Um deles foi publicado na revista Vaccines, o outro na Cell Reports Medicine.
A equipa israelita analisou 55 países, incluindo Portugal, para perceber se havia alguma associação entre a administração da vacina da BCG e um melhor prognóstico dos doentes com Covid-19. Para os investigadores, a vacinação contra a tuberculose, sobretudo aquela que aconteceu há menos tempo (logo entre os mais jovens), parece “contribuir para atenuar a propagação e severidade da pandemia de Covid-19”, conforme publicaram na Vaccines.
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Além disso, os investigadores da Universidade Hebraica de Jerusalém verificaram que os países onde a cobertura da vacina era maior tinham resultados mais positivos no controlo da doença e levantaram a hipótese — ainda por estudar — de que se trate de um efeito global ao nível da população do país.
Tal como o estudo israelita, os trabalhos de investigação que têm sido divulgados olham para o passado, comparando quem foi vacinado ou não e qual foi o resultado da infeção com o coronavírus. Em curso estão também ensaios clínicos que pretendem estudar, especificamente, se a vacina da BCG pode contribuir para a prevenção de situações graves em doentes com Covid-19. Para isso, terá de se comparar a vacinação com BCG e com outra vacina (ou placebo) para se perceber se a vacina da tuberculose apresenta realmente vantagens.
Uma das características reconhecida na vacina da BCG é que estimula o sistema imunitário inato que confere uma resposta não específica. Ou seja, estimula a produção de células imunes que combatem os agentes estranhos no organismo, mesmo que não tenham sido desenhadas especificamente para atacar o SARS-CoV-2 ou outros vírus.
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Esta resposta aumentada do sistema imunitário poderia, no entanto, causar mais danos que benefícios em doentes com Covid-19. Mais uma vez, uma equipa de investigadores olhou para o passado, para dois grupos de voluntários saudáveis: uns que tinham recebido a vacina nos últimos cinco anos e outros que não tinham.
A primeira conclusão da equipa holandesa é que a vacina da BCG “não está associada a um aumento da incidência dos sintomas durante o surto de Covid-19 na Holanda”. Por outro lado, os dados sugerem mesmo que esta vacina “pode estar associada a uma diminuição da incidência da doença durante a pandemia de Covid-19 e a uma menor incidência de fadiga extrema”, conforme publicaram na Cell Reports Medicine.
Ambos os grupos se mostram satisfeitos com os resultados, sem descartar, no entanto, a necessidade de fazer mais estudos para perceber se a vacina da BCG reduz a incidência e/ou gravidade da infeção com o novo coronavírus.