A Aston Martin não atravessa um bom momento financeiro, mas nada que o DBX, o SUV recentemente lançado não possa ajudar a resolver, aliado ao início das entregas do Valkyrie, o hiperdesportivo que foi prometido como o mais rápido do mundo. Não em recta, mas sim numa volta a um circuito. Qualquer circuito.

Projectado pelo mesmo Adrian Newey que concebe os F1 da Red Bull e animado por um V12 atmosférico, com 6,5 litros, concebido e produzido pela reputada Cosworth, que por sua vez recorre a um sistema híbrido Kers similar ao usado pelos F1, produzido pela Rimac, para atingir um total de 1176 cv, o Valkyrie tinha tudo para estar à altura das promessas da Aston Martin e de Newey. Porém, tudo indica que, durante os testes que antecederam a entrada da produção em série, o modelo começou a apresentar problemas de fiabilidade.

O mais curioso é que parece existir uma maldição que envolve os dois modelos que prometiam revolucionar o panorama mundial dos hiperdesportivos. De um lado, o já mencionado Valkyrie e, do outro, o Mercedes-AMG One, que monta um motor 1.6 V6 turbo ajudado por três motores eléctricos. Se o desportivo da Aston Martin até agora tinha conseguido evoluir sem grandes dificuldades, ou problemas, o da Mercedes, o único modelo da actualidade que monta um motor de F1 – e apenas o segundo em toda a história da indústria automóvel a ter esta ousadia, com o primeiro a ser o Ferrari F50 – deparou-se logo de início com as dificuldades de conseguir que um motor de F1 respeite as normas impostas para os carros normais em termos de emissões poluentes. Não a médio ou a alto regime, pois aí o motor de F1 da Mercedes brilha a grande altura, mas ao ralenti. Tudo porque o motor tem o ralenti às 4000 rpm, regime elevado que não tem problema numa corrida de F1, mas inaceitável para uma unidade motriz que pretende respeitar as normas actuais do WLTP.

A equipa de F1 Red Bull, o seu projectista Adrian Newey e os pilotos Max Verstappen e Alex Albon contribuíram para o desenvolvimento do Valkyrie, com 1176 cv, mais potente do que o F1 do Team

A dificuldade em cumprir as normas antipoluição atrasou cerca de um ano o início da comercialização do AMG One, mas tudo indica que o problema está finalmente resolvido. Sucede que agora é a vez de o Aston Martin tropeçar em dificuldades. Segundo as informações que transpiraram para a imprensa, há uns problemas com a fiabilidade, sem que se saiba exactamente a que nível e qual a extensão do problema. Paralelamente, o pilotos de testes apontaram o Valkyrie como difícil de conduzir nos limites e, francamente, não percebemos qual é a surpresa que isto aconteça num modelo com peso reduzido, apenas tracção traseira e 1176 cv.

As dificuldades da Aston Martin parecem ser menos graves do que as que a Mercedes sentiu, uma vez que o comportamento “vai ao sítio” caso se aposte um pouco mais na electrónica, um pouco à semelhança do que acontece nos F1, restando saber a origem dos problemas da fiabilidade, para se determinar se a questão será complexa ou fácil de ultrapassar.

Face a tudo isto, continua em aberto a guerra entre os dois hiperdesportivos das marcas que têm disputado entre si as últimas corridas da F1. Mas ainda antes de podermos perceber qual o mais rápido em pista, se o Valkyrie ou o AMG One, a primeira “corrida” consiste em saber qual será o primeiro a ser entregue aos clientes que já os reservaram e pagaram há bastante tempo.

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