A China está a voltar ao normal depois de ter, aparentemente, controlado a disseminação do novo coronavírus, mas há quem receie que o abrandamento das medidas esteja a acontecer demasiado cedo, noticiou o jornal The New York Times. Segundo dados oficiais, não há novos casos de transmissão comunitária do SARS-CoV-2 na China há nove dias consecutivos — todos os novos casos reportados são importados.
A festa de música eletrónica que juntou milhares de pessoas em Wuhan, no passado dia 15 de agosto, e gerou uma onda de críticas — mas também de apoio — nas redes sociais; a convenção de “gaming” (jogos) em Shangai que também atraiu milhares de participantes; ou o festival da cerveja em Qingdao, onde o uso de máscara não é obrigatório; são alguns dos exemplos do regresso a uma vida mais próxima da normalidade e muito mais social.
Com menos restrições nas viagens e o aumento do número de turistas, são várias as cidades chinesas onde as atividades económicas reabriram, como bares, restaurantes, mercados ou concertos. Os alunos estão também a regressar às aulas.
Os órgãos de comunicação social ligados ao governo chinês não perdem a oportunidade de dizer que a China só pode ter novamente grandes ajuntamentos de pessoas porque soube controlar o vírus, ao contrário dos Estados Unidos ou de outros países do ocidente. Certo é que o país conseguiu isolar os seus habitantes, fazer testes em massa e continua a controlar os códigos digitais da população para garantir que se mantém saudáveis e não viajaram para nenhum país de risco. Mas também é certo que poucos países no mundo aceitariam seguir algumas das medidas de controlo da vida das pessoas.
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A China, como o resto dos países do mundo, ressentiu-se com o encerramento da indústria e serviços e a recuperação ainda não se equipara ao período pré-pandemia, mas tendo em conta que grande parte dos maiores países do mundo ainda estão a tentar travar a pandemia e a braços com novos surtos, o país parece estar em contra-corrente. Há muitos especialistas, no entanto, que duvidam dos números da economia chinesa, outros que vêm esta recuperação como insustentável, escreve o jornal The Wall Street Journal.
Com o retorno à normalidade, há quem desfrute da sensação de “liberdade”, mas também há uma parte da população que receia as consequências do relaxamento das medidas, como o distanciamento físico ou a obrigatoriedade do uso de máscara. E os especialistas avisam que a China ainda pode ser alvo de uma nova vaga do vírus.