O grupo Mota-Engil anunciou uma parceria com um dos maiores grupos de infraestruturas mundiais que irá tomar uma posição ligeiramente superior a 30% do capital do grupo através de um aumento de capital.

A construtora portuguesa só a meio da manhã identificou em comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários que o novo parceiro, descrito como um grupo com uma atividade significativa a nível mundial, é a China Communications Construction Co (CCCC), uma empresa chinesa de capital público. Desde o final do ano passado que tinha sido noticiado que a CCCC estava a estudar a compra de uma posição minoritária na Mota-Engil.

A CCCC está envolvida num conjunto vasto de setores que vão desde a habitação e construção, passando pelos transportes e portos, bem como estradas, ferrovia e pontes. A sociedade que tem capital cotado em Hong Kong e Shanghai também atua no fabrico de máquinas e gere projetos.

O acordo em fase final de negociações valoriza a empresa a um preço muito acima do atual valor de mercado, a avaliação base aponta para 750 milhões de euros, e prevê igualmente um acordo de parceria e investimento com o grupo português para desenvolver um conjunto de oportunidades comerciais. O novo acionista compromete-se a subscrever uma participação “relevante” num aumento de capital de até 100 milhões de novas ações.

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A Mota-Engil Participações, atualmente o maior acionista, reduzirá a sua participação para cerca de 40%, o que é assinalado em comunicado como sinal de total empenho e alinhamento com a sua posição histórica no grupo, apesar de representar a perda da maioria do capital. Para o execução do acordo anunciado para a breve , serão necessárias autorizações de vários reguladores e outras condições não especificadas.

O anúncio desta operação negociada a preços acima do mercado fez disparar as ações da construtora em bolsa que estão a valorizar mais de 12%.

Esta venda de uma participação relevante do capital da maior construtora portuguesa surge depois do grupo ter alienado um conjunto de negócios na área das infraestruturas em Portugal, na sequência da crise económica e financeira. A concessionária de auto-estradas Ascendi foi alienada aos franceses da Ardian, enquanto as operações portuárias que incluem a Liscont foram vendidas aos turcos da Yilport. Para além da construção, onde está presente em vários países, e de uma participação na concessionária Lusoponte, a Mota-Engil é ainda dona do grupo de ambiente Empresa Geral de Fomento que comprou ao Estado em 2014.

O negócio é anunciado meses depois do grupo José de Mello ter anunciado a venda da Brisa, a maior concessionária de autoestradas do país a vários fundos internacionais.

Mesmo com o Covid-19, José de Mello e Arcus conseguem fechar acordo para vender Brisa