Automotive Cells Company (ACC) – é este o nome da nova empresa que nasce da associação da petroquímica francesa Total/Saft com o Grupo PSA, liderado pelo português Carlos Tavares que, pese embora sempre se tenha mostrado reticente/conservador quanto à viabilidade da transição da indústria automóvel para uma mobilidade 100% eléctrica, tem vindo a reorientar a estratégia das marcas Peugeot, Citroën, DS e Opel/Vauxhall precisamente nesse sentido. Daí que tenha sido anunciado um investimento acima de 5000 milhões de euros, para os próximos 10 anos, em joint-venture com a Total, numa empresa que visa desenvolver e produzir baterias de lítio na Europa.
Assim, depois de revelar que vai ter duas novas plataformas especificamente projectadas para a concepção de veículos eléctricos – até ao momento, a oferta electrificada das marcas do Grupo PSA tem por base plataformas multienergia, com vantagens em termos de custos de produção, mas limitações na eficiência dos modelos a bateria –, a PSA toma medidas no sentido de reduzir a sua dependência de fornecedores externos de acumuladores. Até porque as estimativas avançadas pelo próprio grupo apontam no sentido de a procura por baterias de iões de lítio vir a ser multiplicada por 15 no decorrer desta década, alcançando os 400 GWh até 2030.
A estratégia de Carlos Tavares é reduzir ao máximo a dependência de terceiros para continuar a reforçar a electrificação da gama das diferentes marcas do grupo que, a par disso, está em processo de fusão com o conglomerado italo-americano Fiat Chrysler Automobiles. E este, à semelhança da maioria dos restantes grupos automóveis, também está a fazer a viragem para os eléctricos mas sem o “conforto” de possuir baterias próprias.
A Automotive Cells Company, apoiada em 1300 milhões de euros pelos Governos francês e alemão, terá uma unidade dedicada à investigação e desenvolvimento de acumuladores em Bordéus (França) e dois centros de produção, um em França (Douvrin) e outro na Alemanha (na região de Kaiserslautern). Antes disso, surge uma fábrica-piloto em Nersac, também na França. Só aí já foram investidos 200 milhões de euros, prevendo-se que as obras fiquem concluídas em meados do próximo ano.
Dois anos depois, em 2023, é iniciada a produção em Douvrin. Quer a fábrica francesa quer a alemã vão arrancar com uma capacidade de produção anual de 8 GWh de baterias, mas a meta é que cada uma atinja 24 GWh em 2030, para um acumulado de 48 GWh/ano. A cumprir-se esse objectivo, a PSA assegura acumuladores para 1 milhão de veículos eléctricos por ano, o correspondente a mais de 10% do mercado europeu.