A Associação de Bares da Zona Histórica do Porto alertou esta quinta-feira para uma situação insustentável no setor, tendo solicitado ao Governo uma reunião urgente, depois de a Direção-geral da Saúde ter afirmado não existir qualquer previsão para a abertura das discotecas.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP), António Fonseca, adiantou que o pedido de reunião dirigido ao secretário de Estado do Comércio, João Torres, seguiu na quarta-feira, na sequência das declarações da diretora geral da Saúde, Graça Freitas, e da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa de admitir a providência cautelar de um bar contra o encerramento destes estabelecimentos até às 20h, num regime igual ao de pastelarias ou cafés.

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“A Direção-geral da Saúde, ontem [quarta-feira], ao fazer uma conferência de imprensa, a dizer que discotecas nem pensar nisso para já, não só disse aos empresários que não podem planear absolutamente nada, como ao mesmo tempo, numa altura em que vai abrir a academia e que estão a chegar os caloiros, promoveu as festas de garagem”, defendeu António Fonseca.

Estando em causa uma questão de saúde pública, a associação considera que, nesta altura, a via do diálogo é a mais acertada, ainda que, por entre os empresários há quem esteja já a ponderar avançar com uma ação contra o Estado ou, à semelhança do Bar Elefante Branco, com uma providência cautelar.

Sem concretizar o valor dos prejuízos, António Fonseca salientou que os empresários do setor estão a fazer um grande esforço para subsistir, alertando que, a manter-se esta situação, o ponto de rutura será inevitável. “Tudo isto tem limites”, afirmou, criticando a postura da DGS a quem já solicitou oito reuniões, sem sucesso.

Na quarta-feira, Graça Freitas, questionada em conferência de imprensa sobre o regresso do público aos estádios e a abertura das discotecas, disse não existe nenhuma previsão de datas para estas duas atividades, lembrando que se vai assistir, nas próximas semanas, a um aumento da mobilidade com a abertura do ano escolar, o que pode originar mais casos de Covid-19.

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Para António Fonseca, com estas declarações, a DGS está a criar um sentimento de instabilidade ainda maior no setor, não só do lado dos empresários, mas também dos trabalhadores que temem o desemprego.

O presidente da ABZHP lamentou ainda que, no caso dos bares e discotecas, não tenha havido um parecer positivo para a retomada plena da sua atividade, lembrando que o modelo proposto pela associação defendia que autorização de abertura devia depender da avaliação individual de cada um dos estabelecimentos e não numa abertura generalizada.