O Plano da Saúde para o Outono/Inverno das autoridades de saúde revela que as vacinas contra a Covid-19 “serão administradas, após aprovação pela EMA [Agência Europeia do Medicamento], com carácter universal às populações elegíveis“.

Em esclarecimentos enviados ao Observador, a Direção-Geral da Saúde (DGS) explica que, ao referir-se às “populações elegíveis”, isto significa que só ficarão de fora da estratégia de vacinação os grupos das populações onde se verificou alguma contraindicação nos ensaios clínicos feitos às vacinas.

“Optou-se por uma estratégia universal, em alternativa a uma estratégia de risco como a utilizada para a gripe, em que só os grupos de maior risco para a doença são vacinados. Isto significa que qualquer pessoa terá acesso à vacina desde que não tenha uma contraindicação para a fazer“, explica fonte oficial da DGS.

Não há, nesta altura, qualquer vacina aprovada para a Covid-19, entre as várias que estão em testes. Ainda assim, Portugal já reservou uma encomenda de 6,9 milhões de doses, no âmbito do mecanismo europeu que está a centralizar as compras de vacinas para os países da UE.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Quando chegam e quem vai receber primeiro? Oito respostas sobre as vacinas compradas por Portugal

Vacinação contra a gripe arranca ainda este mês

O documento publicado esta segunda-feira traça a estratégia das autoridades de saúde para enfrentar a pressão que as doenças respiratórias, este ano agravadas pela epidemia de Covid-19, trazem ao Sistema Nacional de Saúde. O relatório, que pode ler na íntegra aqui, adianta que a campanha de vacinação contra a gripe sazonal vai ser antecipada para o final de setembro e deverá chegar a mais gente.

As grávidas foram acrescentadas à lista de grupos que devem tomar a vacina de modo prioritário e gratuito, juntando-se assim aos residentes e funcionários dos lares e profissionais do Sistema Nacional de Saúde (SNS). O documento nota que a DGS vai publicar uma nova norma que esclarecerá a “população abrangida” nesta época de vacinação.

Aconselhado o uso de máscara na rua

Além disso, as autoridades de saúde passam agora a recomendar a utilização de máscaras em espaços públicos quando não se pode garantir o distanciamento físico de pelo menos dois metros para todas as pessoas com 10 anos ou mais. Continua a ser obrigatória a utilização de máscara — preferencialmente as comunitárias — em quaisquer espaços fechados, aponta o Plano da Saúde.

O plano da DGS para o outono-inverno. “Está cheio de boas intenções, mas as medidas concretas são poucas”

Testes com resultados em menos de uma hora e nova organização dos hospitais

Vai ainda ser revista a definição de “caso suspeito de Covid-19”, numa tentativa de diferenciar mais rápida e facilmente um caso de infeção pelo novo coronavírus de um caso de infeção por outros vírus respiratórios, comuns no outono e no inverno. Também vão ser revistos os critérios para alta e para fim do isolamento; e os circuitos implementados nos hospitais e centros de saúde para separar possíveis casos de Covid-19 de outros doentes.

Há ainda uma mudança na organização dos hospitais: as Áreas Dedicadas à Covid-19 (até agora exclusivas para os casos de infeção pelo novo coronavírus) vão ser convertidas em Áreas Dedicadas aos Doentes Respiratórios, recebendo não só doentes de Covid-19 como utentes com outras doenças do foro respiratório, incluindo a gripe sazonal provocada pelo vírus influenza.

As autoridades de saúde ponderam ainda utilizar testes com resultados em menos de 60 minutos e outros com resultados disponíveis em 24 horas, numa fase posterior da pandemia. Estes testes serão um complemento aos testes de maior validade científica e sensibilidade para garantir uma abordagem mais célere a um caso suspeito de Covid-19.

Também se planeia fazer testes periódicos e regulares aos profissionais de saúde, sobretudo aos que trabalham simultaneamente no Sistema Nacional de Saúde e em lares, instituições de acolhimento social e noutras unidades de prestação de cuidados de saúde.

Mais medicamentos em stock, incluindo remdesivir

O Plano da Saúde revelou ainda que vai haver um reforço no stock e nas reservas de medicamentos, dispositivos médicos, equipamentos de proteção individual (como máscaras, por exemplo) e testes laboratoriais. O Remdesivir é um dos medicamentos que será adquirido em maiores quantidades para ser utilizado no tratamentos de doentes de Covid-19.

Além disso, vai ser constituída mais uma task-force — em português, um grupo de trabalho — com elementos de cada Autoridade Regional de Saúde (ARS) para a prestação de cuidados de saúde a utentes que não padeçam de Covid-19. Outros medidas incluem o incentivo à cirurgia eletiva (que pode ser adiada sem danos para a saúde) e de ambulatório (em que a alta ocorre no próprio dia ou poucas horas depois) com avaliação pré-operatória “em modelos de drive-through”.