O presidente do PSD, Rui Rio, reafirmou esta quinta-feira é demagogia querer aumentar o salário mínimo nacional no atual contexto da economia, fragilizada pela pandemia de Covid-19.
O país não precisa que eu faça demagogia, para isso estão cá outros. O que pretendo é defender ao máximo o emprego e os salários. E se vamos para lá das possibilidades que temos, estamos a criar mais falências, mais desemprego e mais infelicidade às pessoas, à custa de uma demagogia na qual não entro”, afirmou, em Faro, à margem de uma visita à Universidade do Algarve.
Rui Rio defendeu saber que “viver com 635 euros é pouco”, mas sublinhou que “viver com 400, 500 ou estar no desemprego é muito pior”, reforçando a ideia de que “infelizmente, tendo em conta o que se passou no país”, é necessário “ter os pés assentes na terra”.
O presidente dos social-democratas sustentou que “é preciso defender todos, particularmente, os mais desfavorecidos”, o que significa “defender o emprego” e evitar que as empresas “fechem em catadupa”.
“Criar mais custos às empresas quando elas quase não têm receita não me parece a melhor via”, frisou Rui Rio, depois de na quarta-feira ter criticado, na Assembleia da República, a intenção do PS em aumentar o salário mínimo nacional (SMN).
Na sequência dessa crítica, na abertura do debate temático sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, o primeiro-ministro afirmou-se perplexo, defendendo que as empresas do futuro não são as empresas dos baixos salários.
Questionado esta quinta-feira pelos jornalistas sobre a alteração da sua posição sobre o aumento do SMN, Rui Rio notou que o defendia “quando a taxa de desemprego era baixíssima” e a “economia estava a crescer”, sendo na altura possível “pressionar os salários para cima”, mesmo aumentando a taxa de desemprego em “0,5% ou 1%”.
Outra coisa completamente diferente é termos uma taxa de desemprego muito alta e que está a subir e a economia que levou um tombo como não há numa memória recente. Se, em cima disto, com as empresas que pouco vendem e nem sempre recebem pela crise das outras empresas, estamos a acelerar os custos dessas empresas, é gravíssimo. Não podemos comparar o que não é comparável” concluiu.
Rio remete para 2021 posição sobre acordos com o CDS nas autárquicas
O presidente do PSD declarou que o partido está “tranquilamente a preparar” as próximas autárquicas e escusou-se a falar em acordos com o CDS, afirmando que até 31 de dezembro nada mais tem a dizer.
“Confirmo sempre tudo aquilo que eu próprio digo (…) Não está nada em cima da mesa, mas está tudo em cima da mesa”, afirmou aos jornalistas, quando questionado se confirmava a intenção de o PSD se coligar com o CDS nas próximas autárquicas.
Em causa está uma carta aberta do presidente da Juventude Social-Democrata, Alexandre Poço, a apelar a um acordo do centro-direita (PSD, CDS-PP e IL) nas autárquicas de 2021, alertando para um debate político cada vez mais extremado e populista.
Esta quarta-feira, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou que foi o primeiro dirigente a “sugerir uma frente de direita para vencer a esquerda” nas autárquicas de 2021 e disse que o processo já decorre a nível institucional, com o PSD.
O líder centrista mostrou-se esperançado de que os dois partidos vão chegar à conclusão que é “necessário um acordo para estabelecer sinergias e convergências com o PSD, com vista a derrotar a esquerda na maioria dos municípios de Portugal”.
Também o secretário-geral do CDS-PP salientou que o parceiro preferencial de coligação dos centristas é o PSD e adiantando que o dossiê dos acordos para as autárquicas do próximo ano “está a ser acompanhado” pelas direções dos dois partidos.
Já a Iniciativa Liberal (IL) frisou, num comentário escrito enviado à agência Lusa, que, se o apelo do líder da JSD para um acordo de centro-direita nas próximas eleições autárquicas fosse sério, “teria sido feito em privado” e defendeu coligações pensadas concelho a concelho.
O partido salientou que, “no âmbito autárquico as decisões só podem ser tomadas com situações concretas, concelho a concelho”, e apontou que “este desafio deve ser visto numa lógica de posicionamento interno no próprio PSD”.