“João Félix joga outra coisa qualquer. Os seus 70 minutos foram provavelmente a exibição mais completa que fez no Atlético. Uma exibição de qualidade, passe e imaginação que, ainda por cima, teve influência no resultado. Neste caso, os floreados não se ficaram por aí. No seu golo, concluiu como os grandes. (…) João Félix é um escândalo quando está com confiança”, escreveu a Marca. “Comprovou-se que João Félix está outro, mais solto e com facilidade para receber e distribuir, para ligar-se aos colegas e para ensinar a todos que este Campeonato é o seu (…) Assumiu a batuta, com um túnel aqui e acolá… e um grande golo”, descreveu o As. “Tem um enorme talento. Fez uma primeira parte muito interessante, com classe no toque e atrevimento para tentar romper. Uma nota de talento num Atlético sempre mais espartano que renascentista”, elogiou o Mundo Deportivo.

Dois golos, uma assistência: a estreia impressionante de Suárez numa goleada do Atlético em que João Félix também marcou

A inesperada goleada do Atl. Madrid frente ao Granada, passando da vantagem mínima ao intervalo para um 6-1 no final com um golo e duas assistências de João Félix, foi uma espécie de recomeço para o português na Liga. É certo que a estreia a todo o gás de Luis Suárez, com dois golos após ter entrado na segunda parte, acabou por assumir grande parte do protagonismo mas também o antigo avançado do Benfica mereceu muito destaque pela imprensa espanhola, que viu naqueles 70 minutos uma imagem do jogador que esperava ver de forma mais regular na temporada de estreia. Entre um e outro, sobrou um grande jogo coletivo dos colchoneros, mais subidos e pressionantes em campo por forma a condicionar por completo as dinâmicas ofensivas do adversário.

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“Fizemos um grande jogo. Estamos muito felizes com a exibição da equipa. Estou a trabalhar como fiz no último ano, faço as coisas como tenho de fazer e procuro desfrutar ao máximo. Estou igual ao que já era mas as coisas estão a sair-me muito bem. Tenho de continuar assim. Suárez? Quanto mais jogadores de qualidade tivermos, melhor para todos. A sua chegada é boa para todos, para a equipa e também para o cube”, comentou Félix na zona de entrevistas rápidas após o jogo. “Ele já não é o jogador apagado da temporada passada, é outra pessoa. Mudou muito o seu estilo de jogo e a sua atitude, está noutra fase”, disse o presidente, Enrique Cerezo.

O impacto foi grande e, nesse sentido, a titularidade de João Félix tornou-se quase obrigatória no jogo seguinte, frente ao Huesca, passando a ter a seu lado Luis Suárez em vez de Diego Costa. Em comparação com a equipa que iniciou o jogo com o Granada, Simeone trocou metade da equipa (saíram Savic, Koke, Ferreira Carrasco, Correa e Diego Costa, entraram Hermoso, Thomas, Marcos Llorente, Vitolo e Suárez) mas decidiu manter o português, ocupando uma posição mais central no ataque. E se é verdade que a exibição foi mais fraca do que na estreia, o português acabou por ser um dos melhores da equipa, com quase todas as oportunidades a passarem por si.

Apesar de ter sido melhor e mais dominador ao longo dos 45 minutos iniciais, o Atl. Madrid não conseguiu ter a mesma profundidade ofensiva que apresentara frente ao Granada e não evitou o nulo ao intervalo. João Félix, num livre direto que passou perto da trave do antigo guarda-redes portista Andrés Fernández, teve o único lance de maior perigo de uma equipa capaz de condicionar a saída do Huesca mas que não se livrou de dois calafrios em transições rápidas que terminaram com remates ao lado da baliza de Oblak por Seoane e Mikel Rico.

No segundo tempo, com várias alterações de Simeone à mistura, o Atl. Madrid conseguiu desequilibrar um pouco mais o campo mas continuou a pecar na finalização. Marcos Llorente, após uma grande jogada de Félix com um remate prensado na defesa contrária, atirou forte uma bola que raspou ainda na trave (49′), antes de Luis Suárez ser lançado pelo português na área e, isolado, não conseguir ultrapassar o guarda-redes visitado (58′). João Félix ia conseguindo desequilibrar, em especial com uma finta que foi várias repetida pela realização (um cañito, como dizem os espanhóis), e teve nos pés a última oportunidade do jogo com um remate à entrada da área para nova intervenção apertada de Andrés Fernández, o melhor do encontro que terminou sem golos mas que teve o português em destaque como o jogador com mais remates, mais passes e mais duelos ganhos.