“Vejo-o como um jogador de topo a lateral direito, lateral esquerdo, defesa central, a seis, a oito, a 10… Ele tem qualidades para fazer tudo! É um jogador muito inteligente, mesmo muito inteligente. Compreende os momentos do jogo, percebe as diferenças entre as posições e o que tem de fazer quando chega, onde tem de estar. É um fenómeno, um jogador absolutamente fenomenal”. O elogio foi feito por José Mourinho ao DAZN quando estávamos em vésperas da final da Liga dos Campeões mas podia ter sido feito por qualquer outro treinador ou jogador de referência em qualquer outro contexto. Mesmo que, à primeira vista, seja um nome complicado de adivinhar. Damos uma ajuda: joga no Bayern. Outra ajuda: voltou a ser determinante num título.

Há sete anos, em Praga, foi o herói de Guardiola. Em 2020, em Budapeste, foi o símbolo de Flick: Javi Martínez e a predileção pela Supertaça

Não é propriamente um marcador de golos mas leva dois em quatro encontro oficiais. Não é um médio de raiz mas ganha nos rankings de interceções, desarmes e passes. É um dos mais pequenos em campo mas consegue ver mais alto do que os outros. Tem a obrigação de ligar a defesa e o ataque mas tão depressa desequilibra na frente como vem fazer compensações atrás. Joshua Kimmich voltou a ser determinante no sucesso do Bayern, que arranca a nova época com a Supertaça da Alemanha já depois de ter ganho a Supertaça Europeia. No entanto, nem tudo foram facilidades e também o B. Dortmund teve a sua responsabilidade no desaire (3-2).

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Depois de uma derrota pesada frente ao Hoffenheim na última jornada da Bundesliga, que quebrou uma série de 23 vitórias consecutivas e 32 encontros sem perder, os bávaros até foram surpreendidos nos minutos iniciais pela forma como o adversário conseguiu ter mais bola e chegar à baliza de Neuer tendo Reus em especial evidência. De forma inevitável, Kimmich surgiu na área para deixar a primeira ameaça à baliza de Marwin Hitz após assistência de Müller e o primeiro golo do encontro surgiria pouco depois com Tolisso a desviar à segunda para a baliza uma grande jogada de contra-ataque com o último passe a pertencer a Lewandowski (18′). O Bayern ganhava sem que o B. Dortmund merecesse, Reus falhou o empate que o B. Dortmund merecia, Müller aumentou na sequência de um cruzamento de Alphonso Davies sem que o Bayern chegasse a fazer por merecer (30′).

No entanto, aquela ideia que existe em torno das equipas que ganham muito, que acabam sempre por ter uma ligeira quebra antes voltarem a lutar por ganhar, confirmou-se. Mais do que isso, o B. Dortmund, aquele clube que era descrito esta quarta-feira como um modelo que faz quase tudo bem mas só ganhou um troféu desde 2012, acreditou que era possível vergar os bávaros. Fez por isso e conseguiu, aproveitando aquele que é uma espécie de calcanhar de Aquiles ainda por resolver no conjunto de Hansi Flick: o corredor central defensivo. Foi por aí que Julian Brandt reduziu antes do intervalo (39′), foi por aí que Haaland fez o empate (55′) já depois de uma flagrante oportunidade do reforço Meunier que atirou por cima isolado frente a Neuer.

Até pela vertente emocional, o B. Dortmund estava por cima e Haaland viu Neuer negar-lhe o golo da reviravolta numa altura em que o Bayern procurava encontrar-se em campo sempre com o inevitável Kimmich a tentar agarrar nas pontas para ligar setores. Depois, Lucien Favre, sem que se percebesse se por questões físicas, de desgaste ou mera opção, começou a tirar de campo as principais unidades. A equipa que estava por cima perdeu essa supremacia, encolheu-se e colocou-se a jeito para aquilo que aconteceria mesmo a oito minutos do final, quando Kimmich roubou uma bola na primeira fase de construção, combinou com Lewandowski, permitiu a Hitz uma primeira defesa mas, no chão, teve os reflexos para levar o pé esquerdo à bola e fazer o 3-2 que confirmou aquele que foi o quinto título consecutivo do Bayern em menos de um ano com Flick no comando, que ganhou 36 dos 40 jogos disputados e já tem mais troféus… do que derrotas.