O decretar do estado de emergência em março deste ano empurrou a prática desportiva de milhares de portugueses para segundo plano. Fecharam-se ginásios, percursos de fitness, recintos desportivos, interromperam-se campeonatos e competições internacionais. A quebra de hábitos terminaria em maio, aquando do levantamento das restrições. O que aconteceu de seguida, diz André Duarte, cofundador da aplicação AirCourts – que permite aos utilizadores reservar campos de ténis, padel e futebol – foi uma movimentação curiosa.

“As pessoas, depois de estarem confinadas durante imenso tempo, correram para os clubes de desporto e as reservas dentro da app cresceram imenso. No padel, a procura cresceu 40% e no ténis duplicou”, conta. Este aumento é justificado pela mudança de hábitos e comportamentos que desde então se tornou norma.

“As pessoas que iam ao ginásio todos os dias tiveram de encontrar alternativas”, esclarece André. “Foi uma conjugação. Desportos individuais como o ténis e o padel passaram a ter uma perceção de seguros.”

Quando em 2016 a dupla de empreendedores falou com o Observador, os números estavam fixados em 22 mil reservas e 200 campos de futebol, padel e ténis incluídos na aplicação. Volvidos quatro anos, o número ascende a mais de um milhar (400 de padel, 278 de ténis, 329 de futebol) distribuídos por dez cidades portuguesas, e o número de utilizadores ultrapassa os 200 mil, com mais de 500 reservas diárias. Um crescimento que assentou na consolidação do mercado nacional.

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AirCourts. Para clicar, reservar e jogar ténis ou futebol

“Temos 90% dos clubes nacionais de padel na AirCourts e isso só foi possível porque nos mantivemos por cá”, explica o cofundador. A estratégia foi consolidar o mercado de origem, trabalhar na forma como se angariam clubes, utilizadores, melhorar o modelo de negócio. “E isso foi o que nos deu a posição tão dominante.”

Porto, Lisboa, Aveiro, Coimbra, Braga, Figueira da Foz, Setúbal ou Madeira são algumas das geografias onde é possível reservar um campo, sendo agora possível fazer o pagamento através da aplicação mantendo, contudo, a isenção de qualquer custo acrescido para o utilizador. “Essa foi uma das alterações do modelo de negócio que implementámos. Existe um modelo de subscrição do clube com a AirCourts e, para quem reserva, acaba por ser mais simples”, afirma.

Sobre as condicionantes durante o tempo de confinamento, André Duarte fala de um “período complicado” entre março e junho, no qual a AirCourts se manteve a operar com um “volume menor de receita”, volume esse que viria a recuperar a partir de maio, com a reabertura dos campos de clubes descobertos, e a acentuar-se em junho com a reabertura dos espaços cobertos. “A atividade desportiva não reduziu, mudou, porque as pessoas foram obrigadas a isso”, diz.

Com o mercado interno assegurado, o plano da AirCourts passa agora pela internacionalização, tendo o mercado europeu como alvo principal. “Estamos a trabalhar nisso. Podíamos pensar no mercado brasileiro, por exemplo, pela questão da língua, ou no mercado norte-americano pela dimensão, mas existem muitos clubes de padel e ténis na Europa e é precisamente para aí que vamos olhar nos próximos tempos”, conlui.