O novo coronavírus é “extremamente robusto” e pode sobreviver até perto de um mês em algumas superfícies comuns, como o papel das notas, sublinha o principal laboratório de biossegurança australiano. Uma pesquisa feita pelo Australian Centre for Disease Preparedness, citada pela agência Bloomberg, demonstrou os riscos que podem estar associados ao dinheiro e, também, aos dispositivos de ecrã táctil que por vezes são partilhados, evidenciando a importância de uma lavagem frequente das mãos e da higienização de superfícies. A temperatura mais fria também mostra ser um fator que aumenta o risco, segundo esta pesquisa.

A questão é controversa e desde o início da pandemia que há um debate aceso sobre o verdadeiro tempo de vida do vírus nos diferentes tipos de superfície – o que, por outro lado, é uma questão diferente de saber o risco real de transmissibilidade da doença através da carga viral presente nessas superfícies. Ainda assim, à cautela, o governo australiano encomendou uma pesquisa científica a este laboratório e a conclusão indica que o novo coronavírus tem uma resistência que, em alguns casos, é quase o dobro dos vírus comuns da gripe. No vidro dos telemóveis, por exemplo, numa divisão a 20ºCelsius, o vírus pode viver até 28 dias, contra os 17 dias das estirpes comuns da gripe.

A pesquisa demonstrou que o novo coronavírus tende a sobreviver mais tempo em superfícies não-porosas e suaves. Em outras superfícies, como o algodão, a sobrevivência revelou ser muito menor. Isto a julgar pelo método científico que foi aplicado: criou-se uma espécie de muco artificial que foi posto a secar em diferentes superfícies e materiais, em doses semelhantes às que normalmente expelem as pessoas infetadas. E um ponto importante: o teste foi feito às escuras, já que existe pesquisa que sugere que a luz ultra-violeta, como a que existe na luz natural do sol, é capaz de neutralizar o vírus em pouco tempo.

Acima de tudo, o que se procurou perceber é quantas horas ou dias são necessários para se verificar uma redução de 50% na presença do vírus em cada amostra. Eis algumas das principais conclusões: no caso do dinheiro de papel, a 20ºC a carga do vírus caía para esses 50% em 9,13 dias e a 30ºC em 4,32 dias; no vidro, a presença do vírus em 20ºC caía para metade em 6,32 dias e, a 30ºC, em 1,45 dias.

Outros exemplos: no dinheiro plastificado foram necessários 6,85 dias para, a 20ºC, a carga viral cair para os tais 50%, no aço inoxidável 5,96 dias e no vinil 6,34 dias. Numa superfície como o algodão, por exemplo, o vírus reduziu-se muito mais rapidamente: 5,57 dias a 20ºC.

O mesmo estudo revelou que, quando se aumenta a temperatura para 40ºC, essa “sobrevivência” cai para menos de 24 horas – o que leva a crer que será mais difícil controlar a propagação nos meses de outono e inverno do que no verão. “Os nossos resultados demonstram que o SARS-CoV-2 pode manter-se infecioso em superfícies, por longos períodos de tempo, reforçando a necessidade de boas práticas como a higiene das mãos e a limpeza das superfícies”, escreveu Debbie Eagles, diretora-adjunta do centro de pesquisa científica.

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