Um navio quebra-gelo com cientistas que estudavam há um ano o Ártico regressou ao porto natal na Alemanha com dados que vão ajudar os investigadores a prever melhor as mudanças climáticas nas próximas décadas.

O RV Polarstern chegou hoje ao porto de Bremerhaven no Mar do Norte, de onde partiu há mais de um ano, preparado para o frio intenso e os encontros com ursos polares – mas não para os confinamentos pandémicos que quase acabaram com a missão a meio do caminho.

“Nós basicamente alcançamos tudo o que planeamos fazer”, disse o líder da expedição, Markus Rex, à agência de notícias Associated Press por telefone quando deixou o círculo polar na semana passada.

Fizemos medições durante um ano inteiro com apenas uma pequena pausa”.

O navio teve que se afastar da sua posição no extremo norte por três semanas em maio para recolher mantimentos e fazer a rotação de membros da equipa e depois de terem sido impostas restrições por causa da pandemia de Covid-19, que levou à interrupção dos planos de viagem.

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Contudo, segundo o líder da expedição, não existiram problemas significativos na missão.

“Trazemos um tesouro de dados e incontáveis amostras de núcleos de gelo, neve e água”, disse Marcus Rex, cientista do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Oceânica da Alemanha que organizou a expedição.

Mais de 300 cientistas de 20 países, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China participaram na expedição que custou 150 milhões de euros.

Muitas das informações serão usadas para melhorar os modelos de aquecimento global dos cientistas, principalmente no Ártico, onde as mudanças estão ocorrer a um ritmo mais rápido do que em qualquer outra parte do planeta.

O Polarstern ancorou no outono passado e montou um acampamento no gelo, criando uma pequena vila científica protegida dos ursos polares errantes.

“Fomos além da recolha de dados que nos propusemos fazer”, disse Melinda Webster, especialista em gelo marinho da Universidade do Alasca, em Fairbanks, cujo trabalho é financiado pela NASA.

Webster, que liderou uma equipa de 14 cientistas durante a quarta etapa da viagem, disse que provavelmente levará anos, ou mesmo décadas, para analisar os dados.

Este é um momento extremamente emocionante para entrar na ciência do Ártico por causa das mudanças que estão a acontecer”.

“Precisamos obter toda a ajuda possível porque é importante entender o que está a acontecer e quantas mais pessoas ajudarem, melhor”, sublinhou.