A Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou a que não se utilize novamente o confinamento para travar a propagação do novo coronavírus. Em entrevista ao jornal The Spectator, David Nabarro, representante da OMS para a Covid-19, disse que “nós não defendemos os confinamentos como forma principal de controlar o vírus”.

“A única vez em que acreditamos que um confinamento se justifica é para ganhar tempo para reorganizar, reagrupar, reequilibrar os recursos, proteger os profissionais de saúde que estão exaustos. Mas, em geral, preferimos não fazer isso”, descreveu o médico especialista em saúde pública.

Dois dos motivos apontados por David Nabarro para justificar esta posição foram o impacto no turismo e as repercussões para a segurança alimentar. “Basta olhar para o que aconteceu com a indústria do turismo nas Caraíbas, por exemplo, ou no Pacífico porque as pessoas não estão a tirar férias”, começou por indicar.

“Veja-se também o que aconteceu com os pequenos agricultores em todo o mundo. Veja o que está a acontecer com os níveis de pobreza. Parece que podemos muito bem ter uma duplicação da pobreza mundial no próximo ano. Podemos muito bem ter pelo menos o dobro da desnutrição infantil”, sublinhou.

A mensagem de David Nabarro surge numa altura alguns países ponderam regressar ao confinamento perante a subida no número de casos de infeção pelo novo coronavírus. Israel tornou-se no primeiro país a impor um novo confinamento. A hipótese também está a ser analisada na República Checa e na Eslováquia.

No Reino Unido, Boris Johnson deve anunciar esta segunda-feira mais medidas para travar a nova epidemia de Covid-19. Serão medidas locais, mas há especialistas nacionais a pedir o regresso ao confinamento. Um deles é Peter Horby, conselheiro do governo, que afirma que a “missão crítica” é proteger o sistema nacional de saúde numa altura em que o Reino Unido entra num “ponto precário” por causa do número de internamentos.

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