O Departamento da Justiça dos Estados Unidos da América (EUA) acusa a Google de deter um monopólio ilegal de motores de pesquisa e publicidade na internet. O processo, que deu entrada no Tribunal Federal de Washington  D.C, já é considerado o maior desafio legal que uma empresa tecnológica teve de enfrentar nos últimos tempos.

A ação judicial movida pelo governo norte-americano visa atingir a Alphabet, empresa mãe da Google, acusando-a de manter, ilegalmente, um monopólio nos motores de pesquisa. Entre as acusações, estão contratos e acordos de negócios exclusivos que alegadamente bloqueiam a competição neste setor. Estes contratos incluem o pagamento, por parte da Google, de milhares de milhões de dólares à Apple para que esta ponha por defeito os motores de busca da Google nos iPhone.

Entretanto a Google já se defendeu da acusação: “A ação do Departamento de Justiça, de hoje, é profundamente defeituosa. As pessoas utilizam o Google porque querem, não porque são forçadas ou porque não conseguem encontrar alternativas”, afirmou um porta-voz da Google em nota enviada às redações.

O Departamento da Justiça alega ainda que a Google, que controla cerca de 80% das consultas de pesquisa nos EUA, fechou acordos com as empresas de telemóveis que usam o sistema operativo Android (da Google) para que também estas tivessem o seu motor de busca pré-descarregado nos smartphones novos — dificultando propositadamente a instalação de um sistema rival. De acordo com a ação judicial, estes contratos prejudicam a concorrência e a inovação.

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Segundo o New York Times, este processo é mais um passo naquela que tem sido a luta contra o poder que estes gigantes das tecnologias detêm no mercado, como é o caso da Google, Amazon, Facebook e Apple. A concentração de tanto poder em tão poucas empresas tem gerado criticas da esquerda à direita, como é o caso de conservadores como Donald Trump e liberais como a senadora Elizabeth Warren.

O The Guardian avança ainda que este processo marca uma reviravolta impressionante no ecossistema de Sillicon Valley, que costuma evitar entrar em conflito com Washington, mesmo quando os reguladores europeus aplicam multas pesadíssimas contra empresas como a Google.

De acordo com a imprensa internacional, esta é uma ação que se pode estender ao longo de anos e desencadear um conjunto de outras semelhantes. Cerca de quatro dezenas de estados já conduziram investigações paralelas e espera-se que sejam apresentadas mais queixas contra este alegado domínio da Google no mercado da publicidade online.

Por sua vez, a tecnológica tem vindo a negar as acusações e conta com uma rede global de advogados especializados, economistas e lobistas para se defender na ação judicial.

A Google controla 90% do mercado de pesquisas online, o que só em 2019 terá trazido 34,3 mil milhões de dólares em receitas para a tecnológica, tendo em conta apenas o mercado norte-americano, de acordo com o levantamento feita pela eMarketer.

Se o governo norte-americano vencer este processo contra a Google isto pode obrigar uma das maiores empresas mundiais a reformular-se, com impacto em toda a economia que é gerada à volta da internet.

O processo vem na sequência de um relatório publicado pelos advogados democratas há duas semanas, no qual acusam a empresa de controlar o monopólio dos motores de pesquisa e os anúncios que aparecem quando o utilizador faz uma consulta online.