O fecho provisório das escolas de Vila Viçosa e Borba (Évora), determinado pela Autoridade de Saúde, é visto como positivo por pais e responsáveis escolares e camarários, para procurar “quebrar” cadeias de transmissão do coronavírus SARS-CoV-2.

“Não foi [uma] surpresa” a decisão da Autoridade de Saúde, ao final de quinta-feira, de encerrar provisoriamente todos os estabelecimentos de ensino do Agrupamento de Escolas de Vila Viçosa, a partir de hoje [esta sexta-feira], devido à pandemia de Covid-19″, disse esta sexta-feira Clara Costa, da associação de pais deste concelho.

A presidente do conselho geral da associação de pais e encarregados de educação afirmou à agência Lusa que, perante o aumento de casos de Covid-19 no concelho, “desde o princípio da semana” que “batalhavam” neste sentido.

“Despertou um caso de alunos já contagiados na escola e um caso na cantina escolar, de um funcionário. Acabou tudo o que estava à volta por ser mais complicado de gerir, uma vez que os miúdos ficavam sem os almoços”, contou. Por isso, na quinta-feira, “foi decidido que fechava o agrupamento todo”.

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A situação já vinha de trás porque faseadamente tinham vindo a fechar ciclos, nomeadamente o 2.º e o 3.º, vincou Clara Costa, referindo que a decisão é “fechar temporariamente e até ordens em contrário” para tentar “estabilizar a situação que se passa em Vila Viçosa”.

Mãe de uma aluna do 10.º ano que esta sexta-feira “já ficou em casa” enquanto foi trabalhar, Clara Costa admitiu que a decisão possa criar constrangimentos a alguns dos pais de crianças mais pequenas, mas afiançou que o apoio ao fecho das escolas foi generalizado.

“Todos os contactos que tivemos foram” para ” apoiar e preferir fechar o agrupamento para que os miúdos ficassem mais protegidos, os mais pequenos, claro. É óbvio que, para alguns pais, não dará tanto jeito”, mas “tem de haver um meio-termo” e compreensão da parte das entidades patronais, defendeu, afirmando acreditar que o fecho durará “o menor tempo possível”, para o objetivo de “quebrar cadeias de contaminação”.

Rui Sá, diretor do Agrupamento de Escolas de Vila Viçosa, que tem à volta de mil alunos, distribuídos por 10 estabelecimentos no concelho, desde o pré-escolar ao secundário, explicou que, até ao momento, oito alunos, um assistente operacional (da cantina) e uma educadora de infância tiveram resultados positivos nos testes ao novo coronavírus que provoca a doença Covid-19, enquanto a restante comunidade educativa foi toda testada e teve resultados negativos.

“Nota-se um certo pânico, nomeadamente nos encarregados de educação”, enquanto, na escola “também se nota algum nervosismo por parte dos assistentes operacionais e até dos professores”, pelo que, “para já”, a solução de encerrar de forma provisória os estabelecimentos “será adequada”.

O diretor disse esperar que “o surto fique por aqui e que, dentro de breves dias”, todos possam “regressar” às escolas, argumentando que “é sempre preferível o ensino presencial e não à distância”, como está a acontecer desde esta sexta-feira com todos os alunos do concelho.

No concelho de Vila Viçosa, existe um total de 75 casos ativos de Covid-19, de acordo com a câmara municipal, sendo que 69 destes estão relacionados com o surto que começou em unidades da Santa Casa da Misericórdia local e se estendeu à comunidade, precisou à Lusa a Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.

No vizinho município de Borba, o cenário é semelhante. A Autoridade de Saúde também mandou encerrar provisoriamente todas as escolas, devido à pandemia de Covid-19, e esta sexta-feira os alunos já tiveram aulas à distância.

“O que está em causa aqui são à volta de 600 crianças do Agrupamento de Escolas todo, que é a escola em Borba e a de Rio de Moinhos e mais a pré-primária em Orada, portanto, estão todos em casa neste momento”, afirmou esta sexta-feira Quintino Cordeiro, vereador da câmara municipal.

Em declarações aos jornalistas, o vereador disse encarar a decisão relativa às escolas como “uma medida de precaução, para evitar a disseminação do surto” de Covid-19 pelo concelho, onde existem atualmente “36 casos ativos e 49 pessoas em vigilância”.

“É uma medida correta” e “mais vale atacá-lo na raiz do que quando ele estiver em força”, afiançou Quintino Cordeiro, referindo que, na comunidade educativa, existem três casos ativos, dos quais um aluno, uma professora e uma assistente auxiliar, estando a ser efetuados testes “a 100 alunos da escola de Borba”, assim como a funcionários do município.

Também o Centro de Saúde de Borba está de “portas fechadas”, por um funcionário ter tido resultado positivo no rastreio ao SARS-CoV-2, disse o vereador.

Moradora numa casa mesmo junto à escola de Borba, Maria Joana, de 61 anos, que é Avó de apelido e de três crianças que esta sexta-feira ficaram em casa com a mãe, reconheceu que o aumento de casos no concelho e municípios vizinhos lhe tem alterado as rotinas, porque tem “medo” e só sai “para ir ao pão”, escolhendo até beber o café em casa.

Agora, tem de fazer mais “contas à vida”, por causa do fecho do cento de saúde: “Na segunda-feira tinha uma consulta e preciso mesmo e agora está fechado. Ainda não me deram resposta e eu tenho que falar com alguém. Agora vou esperando”.