Segundo a Greenpeace, a água armazenada na usina – cenário da central nuclear de Fukushima em 2011 — contém uma enorme quantidade do isótopo radioativo carbono-14 e outros elementos perigosos, com “graves consequências a longo prazo” para a população, para o ambiente e para a indústria piscatória.
Os alertas do grupo ambientalista integram o seu mais recente relatório divulgado na passada sexta-feira, o documento foi elaborado depois de conhecer as intenções do governo japonês em libertar aquela água, usada para arrefecer os reatores da antiga central, no Oceano Pacífico, uma vez que o espaço de armazenamento está a esgotar-se.
Segundo a mesma organização, a água armazenada na fábrica de Fukushima pode conter até 63,6 gigabequerels: unidade usada para determinar a atividade de um isótopo radioativo, sendo que um bequerel corresponde a uma desintegração nuclear por segundo. Além do isótopo radioativo trítio, a água contém o isótopo radioativo carbono-14, considerado “o maior contribuinte para a dose coletiva de radiação humana e tem o potencial de danificar o ADN humano”.
Estes, juntamente com outros radionuclídeos existentes na água, continuarão perigosos durante milhares de anos com o potencial de causar danos genéticos”, afirma Shaun Burnie, autor do documento e principal especialista nuclear do Greenpeace Alemanha, à CNN.
O relatório que chama a atenção para o problema foi já refutado pela Tokyo Eletric Power (Tepco), a empresa que opera a central. Ryounosuke Takanori, porta-voz da TEPCO, disse à CNN em comunicado que a concentração de carbono-14 contido na água tratada “é de cerca de 2 a 220 becquerels por litro, conforme medido nos tanques de água”, acrescentando que “mesmo que a água seja continuamente bebida 2 litros por dia, a exposição anual é de cerca de 0,001 a 0,11 milisieverts — unidade usada para dar uma avaliação do impacto da radiação ionizante sobre os seres humanos — , o que não é um nível que afete a saúde“.
O representante da TEPCO avança ao mesmo jornal que realizará um tratamento secundário “para satisfazer os padrões reguladores para descargas diferentes do trítio”, e os materiais radioativos, incluindo carbono-14, “serão reduzidos o máximo possível”.
A 11 de março de 2011, um terramoto de magnitude 9 atingiu o Japão, provocando um maremoto de 15 metros e um desastre na central de energia nuclear de Fukushima. O episódio danificou três reatores e a solução encontrada para que não derretessem foi usar continuadamente água em tubos de arrefecimento. Uma vez que ficava contaminada, depois do seu uso, passaria a ser armazenada em reservatórios.
A questão é que, a cada dia que passa, são armazenadas mais de 170 toneladas de água contaminada. Com a lotação de espaço quase esgotada – e a estimativa de que, em dois anos, os tanques disponíveis estarão mesmo totalmente cheios –, a pressão em torno do destino desta água tem vindo a aumentar”, refere a revista Visão.