O Partido Trabalhista foi responsável por “atos ilegais de assédio e discriminação” antissemitas durante a liderança de Jeremy Corbyn, concluiu um relatório da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos britânica publicado esta quinta-feira. Na sequência destas conclusões, o ex-líder foi foi suspenso e afastado do partido no Parlamento.
Jeremy Corbyn já reagiu, garantindo pretender contestar aquilo a que chama “uma intervenção política”.
I will strongly contest the political intervention to suspend me.
I’ve made absolutely clear those who deny there has been an antisemitism problem in the Labour Party are wrong.
I will continue to support a zero tolerance policy towards all forms of racism.
— Jeremy Corbyn (@jeremycorbyn) October 29, 2020
O relatório de 130 páginas, resultado de uma investigação que durou 16 meses, diz ter encontrado “falhas significativas na maneira como o Partido Trabalhista lidou com as queixas de antissemitismo nos últimos quatro anos”.
É difícil não concluir que o antissemitismo dentro do Partido Trabalhista poderia ter sido combatido de forma mais eficaz se a liderança tivesse escolhido fazê-lo”, referem os autores, numa crítica a Corbyn.
Em causa estão processos internos contra militantes e dirigentes acusados de declarações discriminatórias contra judeus, que os críticos e vítimas queixam-se de não terem sido concluídos nem resultado no castigo ou expulsão dos responsáveis.
Na origem do sentimento contra os judeus está o apoio tradicional do Partido Trabalhista, sobretudo da ala mais à esquerda, à autodeterminação da Palestina, responsabilizando Israel pelo conflito no Médio Oriente.
O problema levou vários deputados a abandonarem o partido, nomeadamente Luciana Berger, que acabou por se juntar aos Liberais Democratas, e John Mann, que foi recrutado pelo governo conservador para dirigir um grupo de trabalho sobre antissemitismo.
O antigo líder trabalhista admitiu a existência de antissemitismo no partido e lamentou a demora na implementação de medidas que tomou para resolver o problema durante o tempo em que esteve à frente do Labour, entre 2015 e 2020. “Quando me tornei líder trabalhista em 2015, os processos do partido para lidar com as reclamações não eram adequados. A reforma foi então paralisada por uma burocracia partidária obstrutiva”, afirmou Corbyn, reivindicando “melhorias substanciais” a partir de 2018.
O atual líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, reconheceu que este é um “dia vergonhoso” para a principal força da oposição e prometeu implementar as recomendações feitas no relatório, incluindo um novo processo de queixas independente da direção.
“Não pode haver mais oportunidades perdidas. Não há mais recusas ou desculpas. Sob a minha liderança, o ‘Labour’ vai agir de forma decisiva contra o antissemitismo em todas as suas formas”, prometeu.