O rei emérito está a ser investigado pelo uso de fundos não declarados ao Tesouro espanhol. O montante superior a 278 mil euros terá sido doado, em parte pelo empresário mexicano Allen Sanginés-Krause, entre 2016 e 2018, avança o El País.

Juan Carlos e rainha Sofia investigados por corrupção

Mas quem é este empresário mexicano que se vê agora envolvido num crime de evasão fiscal? Apesar de conviver com a aristocracia europeia e fazer parte dos conselhos das empresas mais importantes do mundo, este multimilionário — de dupla nacionalidade mexicana e britânica — sempre fugiu da atenção dos holofotes. Allen Sanginés-Krause destaca-se por ter assumido a responsabilidade máxima da Goldman Sachs na Europa, pela compra milionária do Hotel Villa Magna em Madrid, por ter aparecido nos Panama Papers e, agora, pela sua amizade com Juan Carlos.

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Segundo o El Confidencial, Sanginés-Krause terá assumido durante vários anos dezenas de gastos da Casa Real espanhola. Entre as despesas financiadas pelo empresário estarão tratamentos médicos, estadias em hotéis, refeições em restaurantes, aulas e viagens.

O multimilionário mexicano, nascido em 1959, formou-se em Economia pelo Instituto Tecnológico Autónomo de México e obteve o doutoramento em Economia pela Universidade de Harvard. O seu percurso passou pela Goldman Sachs por mais de 20 anos, tendo sido o responsável da entidade no México, Rússia e Espanha e assumindo os cargos de Head of Emerging Markets of Investment Banking e Head of European Industrial Group.

Atualmente, é o principal sócio do grupo de investimentos BK Partners, cujas filiais se estendem a fundos de pensão mexicanos e investimentos institucionais a nível internacional. Até julho passado, era também presidente da RLH Properties, um fundo de investimento em imóveis mexicano, que em 2018 comprou o luxuoso hotel Villa Magna, em Madrid, por 210 milhões de euros. Sanginés-Krause também é presidente da Global Endor — fundada em 2015 e dedicada à compra e venda de imóveis—, a empresa que possui um prédio com apartamentos de luxo para aluguer, em Salamanca.

O empresário apareceu ainda nos chamados Panama Papers  a propósito de um fundo denominado Rasa Land Investors, empresa que tinha por objetivo um golpe urbanístico no litoral mexicano através de uma suposta estrutura offshore. A empresa estava avaliada em 267 milhões e era coproprietária de mais de 1.500 hectares e 13 quilómetros de costa virgem em Jalisco, contando com o financiamento de importantes famílias mexicanas, do fundo Texas Pacific Group-Axon, dos fundos Goldman Sachs e de 25 investidores espanhóis.