Os autarcas do Tâmega e Sousa pediram esta sexta-feira à ministra da Saúde um reforço de profissionais, nomeadamente no hospital de Penafiel, porque “quem está a trabalhar está exausto”, somando-se os “infetados ou em isolamento profilático” devido à Covid-19.

As declarações, feitas à Lusa, são do presidente da câmara de Penafiel, Antonino Sousa, e foram feitas após uma reunião com a ministra da Saúde, Marta Temido, que esta manhã visitou a região do Tâmega e Sousa, nomeadamente o hospital Padre Américo, em Penafiel, que na terça-feira teve 235 internados com o novo coronavírus, dos quais 11 em cuidados intensivos.

O autarca saudou as medidas implementadas pela tutela, mas lamentou “que não tivessem surgido há duas semanas”, pois isso teria “evitado muitos constrangimentos e muita dor quer aos utentes, quer aos profissionais de saúde que viveram com muita a angústia estas últimas semanas”.

Todos os profissionais estão exaustos, é importante que haja reforço. Sabemos que não é fácil. Sabemos que outras unidades hospitalares também estão pressionadas, mas outras não estarão e este hospital está a viver um momento muito difícil, alertou.

O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa, Gonçalo Rocha, e Antonino Sousa revelaram ainda que os autarcas da região pediram à ministra um reforço dos cuidados de saúde primários para evitar que, por falta de resposta nos centros de saúde, as pessoas recorram “desesperadas à urgência do hospital condicionando ainda mais aquela unidade”.

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“Mas esse reforço, essas medidas não podem continuar a ser aplicadas 15 dias ou duas semanas depois. Queremos que estas medidas sejam adotadas. Continuamos a ter uma situação frágil que exige muita atenção do Ministério da Saúde”, concluiu Antonino Vieira de Sousa

Gonçalo Rocha, presidente da CIM e da Câmara de Castelo de Paiva, considerou que “não vale a pena para omitir às pessoas que isto [pandemia] é para continuar”, alertando para “a pressão existiu no CHTS [Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa] e continuará a existir”.

Os números de internamentos têm vindo a diminuir e têm vindo a ser anunciadas e confirmadas transferências para vários hospitais da região, mas a pressão continua a preocupar os autarcas da região.

“Ainda bem que o [centro de] testes saiu para o exterior [do hospital]. Pena que não tenha sido antes. Ainda bem que fizeram parcerias e transferências para aliviar o hospital de Covid e não Covid. É importante, mas podia ter sido feito há mais tempo (…) Estão a ser implementadas medidas agora que reclamamos há duas semanas”, referiu o presidente da câmara de Penafiel.

Gonçalo Rocha disse que a região não pode “parar de procurar soluções e de fazer alertas”, embora tenha sentido que “há vontade” de reforçar meios. “Percebi que estão a trabalhar no reforço de profissionais. Esta região tem meio milhão de pessoas”, observou.

O presidente da CIM frisou que a região do Tâmega e Sousa “tem uma dinâmica económica e empresarial muito significativa”, fez apelos á responsabilidade de cada um e falou no “trabalho muito difícil e muito exigente do centro hospitalar”, mostrando-se otimista na resposta do Governo.

A situação de pressão do Hospital Padre Américo, que pertence ao Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) gerou um pedido de “ajuda” por parte do conselho de administração do CHTS, Carlos Alberto Silva, à direção da Administração Regional de Saúde do Norte. “Já tenho 30 internados na urgência outra vez e hoje é segunda-feira, dia particularmente difícil. Se tiverem médicos de clínica geral que possam vir fazer urgência era bom porque tivemos aqui alguns positivos que fragilizaram as escalas. Está complicado”, referia o ’email’ de Carlos Alberto Silva, datado de segunda-feira, ao qual a Lusa teve acesso.