O Sporting tentava superar a frustração de um Campeonato perdido em Alvalade frente ao rival Benfica, num dérbi dos 6-3 ainda hoje recordado, mas surgia reforçado com nomes como Oceano, Sá Pinto, Naybet, Marco Aurélio, Pedrosa ou Amunike (que chegou mais tarde) com a intenção de quebrar um jejum que perdurava desde 1982. Aí, com Carlos Queiroz no comando, os leões começaram a prova com seis vitórias e um empate nas primeiras sete jornadas, cedendo apenas pontos frente ao Boavista em Alvalade. 26 anos depois, o conjunto verde e branco volta a ter um arranque semelhante, algo que já acontecera antes mas com uma diferença: o percurso vale liderança.

Não, Quaresma, eles não estavam “cagados” (a crónica do V. Guimarães-Sporting)

Há três anos, na segunda época de Jorge Jesus nos leões, o Sporting também tinha 19 pontos à sétima jornada. E é preciso recuar até 2013/14, quando Leonardo Jardim foi o treinador, para se ver um registo tão profícuo no ataque (19 golos marcados) e a defesa menos batida (quatro golos consentidos). No entanto, e aí sim, é necessário recuar mais de quarto de século para ver um Campeonato em que a formação verde e branca fosse líder nesta fase. Os lisboetas não tinham ganho em Guimarães nas duas últimas temporadas mas conseguiram a segunda goleada consecutiva por 4-0 depois do Tondela, mantendo o registo de dois ou mais golos em todas as jornadas.

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Em termos individuais, Pedro Gonçalves voltou a ser o principal destaque do Sporting e já marcou mais golos só nestas sete primeiras jornadas do que em todo o último Campeonato pelo Famalicão. Mais: nos últimos quatro jogos, Pote marcou os sete golos (dois com o Santa Clara, um com o Gil Vicente, dois com o Tondela e agora mais dois com o V. Guimarães), tornando-se o primeiro desde Bas Dost a bisar em jogos consecutivos na Liga e também o primeiro desde Fredy Montero em 2013/14 a ter tantos golos com apenas sete rondas disputadas. Ao todo, o médio ofensivo leva uma média de um golo por cada 77 minutos, uma referência que nos principais campeonatos europeus só se encontra em avançados como Lewandowski, Mbappé, Vardy, Ibrahimovic e Son.

“Sabíamos que seria um jogo difícil mas a equipa correspondeu. Depois do primeiro golo baixámos a linha, até pela reação do V. Guimarães, uma excelente equipa, mas sentimo-nos confortáveis com espaço nas costas do adversário. Depois não entrámos bem na segunda parte mas com espaço fizemos o terceiro, o quarto e podiam ter vindo mais. Foi um excelente jogo, os jogadores estão de parabéns. Temos de melhorar em alguns aspetos, pois se há golo do V. Guimarães a abrir a segunda parte o jogo podia complicar-se, mas não há dúvidas em relação ao vencedor e à qualidade do jogo”, começou por destacar na conferência de imprensa o treinador do conjunto verde e branco, Rúben Amorim, prosseguindo: “Jogamos sempre no limite desde o início da época e não quer dizer que seja o limite que possam atingir mas sim o limite do dia a dia. Eles fazem o que treinamos e quando as coisas não correm bem ajudam-se uns aos outros. Isso é a única coisa que não vai desiludir os sportinguistas”.

“Título como objetivo? Objetivo é vencer o próximo jogo, sabendo que há jogadores que vão agora para as seleções. Neste momento a Liga nem é o objetivo mas sim a Taça de Portugal, o próximo jogo, lembrando que no ano passado fomos eliminados de forma surpreendente”, destacou a propósito dessa derrota em Alverca, antes de reforçar a ideia que, mais importante do que o primeiro lugar, o que ficou foi a exibição da equipa. “É importante os jogadores irem para uma paragem longa mantendo o lugar mas para mim o importante é manter a dinâmica. Agora temos estas três semanas que nos tiram o momento mas eles têm de trabalhar bem. É levar isto como é, o início de um processo. Não está nada feito. Mais do que garantir a liderança, é a forma como nos apresentámos”.

Por fim, Rúben Amorim comentou também um trabalho da ESPN, que o coloca como um dos sete treinadores mais promissores do momento. “A minha carreira está como o Sporting, tudo no início e duas derrotas podem mudar tudo completamente. A minha equipa técnica já evitou que eu fizesse muitos disparates. Apesar de ser novo, tenho mais anos de futebol que eles e devemos estar felizes. Os jogadores do Sporting não ganharam nada mas eles têm de se divertir no balneário, quero é que dias depois estejam prontos para começar tudo de novo. Podemos melhorar muito, fizemos um excelente jogo, esteve sempre controlado mas não dominado. Mas há coisas que eles já fazem muito bem e há que realçar isso”, concluiu o técnico leonino.