Uma juíza do Tribunal Superior de Los Angeles recusou o pedido da cantora Britney Spears para deixar de ficar sob a tutela do pai, Jamie Spears. Este é o desenvolvimento mais recente no drama que junta pai e filha na luta pelo controlo da vida da artista e também da sua fortuna, avaliada em 60 milhões de dólares. Aos 38 anos, a princesa da pop é desde 2008 considerada aos olhos da lei mentalmente inapta para cuidar de si própria. A tutela, imposta após a cantora ter sofrido colapsos mentais que receberam grande cobertura mediática, retira a Britney autonomia sobre as suas finanças e também sobre a sua vida pessoal.
Esta terça-feira, o advogado da artista argumentou em tribunal que Britney tem medo do pai e que não vai atuar enquanto este tiver controlo sobre a sua carreira — alegações que o próprio Jamie Spears nega. A juíza de Los Angeles, Brenda Penny, recusou o pedido da cantora mas admitiu considerá-lo no futuro. No mesmo dia, Britney publicou no Instagram, onde tem 26 milhões de seguidores, uma fotografia a preto e branco de crianças a saltar à corda com a legenda “continuem a saltar na direção dos vossos sonhos”.
Segundo o TMZ, que cita novos documentos judiciais, a cantora acredita que o pai deu 309 mil dólares à ex-gestora de negócios Tri Star Sports & Entertainment Group em 2019 sem que Britney tivesse sido informada e apesar desta estar a fazer uma pausa no trabalho. Os documentos alegam que a Tri Star recebia uma comissão de 5% sobre a receita bruta relacionada com o entretenimento e que sofreu um duro golpe quando Britney parou de atuar no início de 2019. A cantora pretende então anular este pagamento e pede agora que a gestora de fortunas Bessemer Trust, fundada em 1907, assuma de forma única a tutela, uma vez que, na sua opinião, o pai não está disposto a partilhar o controlo sobre os seus mais de 60 milhões de dólares. No entanto, a pedido de Britney, Brenda Penny nomeou esta empresa como cotutora.
Ainda que grande parte da audiência tenha acontecido à porta fechada, membros do movimento #FreeBritney apoiaram a cantora a partir da rua. O movimento foi criado por fãs que querem “libertar” Britney Spears e que acreditam que a cantora está a ser manipulada. Na sua origem estará a campanha criada por um site de fãs como resposta à tutela decretada pelas autoridades, mas para a sua projeção também terá contado o podcast Britney’s Gram, criado por Tess Barker e Barbara Gray em novembro de 2017. O que começou por ser uma rubrica dedicada ao curioso — e por vezes insólito — conteúdo do Instagram da estrela da pop ganhou outras proporções e acabou por popularizar a hashtag #FreeBritney nas diferentes redes sociais.
Depois de Jamie Spears se ausentar temporariamente do cargo em setembro de 2019, alegando problemas de saúde, a tutela dos bens de Britney por parte deste foi prolongada até 2021 — em agosto, a mesma juíza voltou a nomear Jamie Spears como tutor dos bens da filha, posição que ocupa desde 2008. Foi também em agosto que a irmã de Britney, Jamie Lynn Spears, pediu ao tribunal para controlar os bens da cantora.
Depois do pai, a irmã. Jamie Lynn Spears pediu para controlar os bens de Britney
De acordo com o The New York Times, a tutela em causa é aplicável a pessoas que não conseguem tomar conta de si próprias, habitualmente usada para proteger os mais velhos ou pessoas mentalmente incapazes ou extremamente doentes. O acordo que envolve a cantora implica que Britney não possa tomar decisões sem a aprovação dos tutores e isso inclui escolhas tão simples como conduzir um carro ou comprar uma bebida numa loja da Starbucks. Recordemos: a artista tem uma fortuna avaliada em 60 milhões de dólares.