Os veículos eléctricos não têm qualquer interesse sem uma rede de recarga eficiente e compatível com o número de veículos em circulação. É fácil deslocar para os diferentes países a responsabilidade de construir redes eficientes e numerosas, mas os construtores têm igualmente a responsabilidade de chamar a si parte dessas obrigações. Trata-se, acima de tudo, de servir os seus clientes, com redes exclusivas ou prioritárias que garantam o acesso a um posto de carga, idealmente em condições vantajosas.
A Tesla deu o exemplo, com a sua rede de Superchargers, que já ultrapassou as 2000 estações e os 20.000 pontos de carga, mas outros construtores fizeram igualmente questão de dizer “presente”, na oferta de uma rede de postos de abastecimento de energia. Um bom exemplo é o caso da Ionity, criada graças a associados com o peso de grupos como o Volkswagen, a BMW e a Daimler, a que se juntou a Ford e, mais recentemente, a Hyundai e a Kia. Ou seja, alguns dos maiores grupos mundiais da indústria automóvel.
Mas, apesar de ser suportada por tantos fabricantes, a Ionity nunca conseguiu estar à altura das suas promessas. Anunciou que o objectivo passava pela construção de 400 estações até final de 2020 e apenas inaugurou recentemente a 300ª, sendo que as suas estações possuem um reduzido número de pontos de carga, cerca de seis, bem abaixo dos 10-12 dos Superchargers da Tesla.
20k Superchargers and counting pic.twitter.com/urudyt9Eui
— Tesla (@Tesla) November 8, 2020
A pandemia não serve como “desculpa” para o atraso, uma vez que a rede de Superchargers fechou 2019 com 1716 estações e 15.000 postos, mas em apenas 10 meses de 2020 elevou a fasquia para 2000 e 20.000, respectivamente. O que significa que, em menos de um ano, a rede da Tesla cresceu quase tanto como a da Ionity em três anos.
A situação é ainda mais grave para os portugueses, pois das 300 estações da Ionity, nenhuma está localizada no nosso país, nem se sabe quando será inaugurada a primeira. Em Espanha, já existem 5 estações deste consórcio, três com quatro pontos de carga e duas com apenas dois, num total de 16 pontos de abastecimento de energia. A Tesla, pelo seu lado, já tem oito estações a funcionar (com 78 pontos de carga), com mais quatro previstas para breve.