Sergio Ramos é o capitão da seleção espanhola, o capitão de um dos maiores clubes do mundo e recentemente tornou-se o jogador europeu com mais internacionalizações pelo próprio país. É um dos nomes maiores do futebol nos últimos 15 anos, já ganhou praticamente tudo aquilo que tinha para ganhar e é transversalmente considerado um dos centrais mais completos das décadas mais recentes. Ainda assim, Sergio Ramos continua a ser quase sempre interpretado como o vilão de todas as histórias.

Mas, na última semana, a interpretação desta personagem tornou-se ainda mais clara. No fim de semana, foi o central quem falhou os dois penáltis que poderiam ter evitado o empate de Espanha contra a Suíça — depois de mais de dois anos sem falhar qualquer grande penalidade entre Real Madrid e seleção –, complicando as contas dos espanhóis no grupo da Liga das Nações. Esta segunda-feira, estava previsto que fosse o capitão a aparecer ao lado de Luis Enrique, o selecionador, na conferência de imprensa de antevisão do encontro decisivo com a Alemanha. A UEFA, porém, anunciou horas antes que Ramos não iria comparecer e que seria Rodri, o médio do Manchester City, a prestar declarações à comunicação social.

Como o dia especial de Ramos se tornou o pesadelo de Sergio: central falhou dois penáltis no empate de Espanha com a Suíça

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A imprensa espanhola apressou-se a descobrir porquê. O jogador de 34 anos está nesta altura a negociar com o Real Madrid uma nova renovação de contrato. O problema? Ramos quer mais dois anos e um aumento de salário, o clube quer 1+1 — um contrato de um ano com renovação prevista no final da próxima época — e a manutenção do salário atual de 12 milhões de euros por ano. É aqui, neste desencontro de ideias e vontades, que entra o PSG. De acordo com o jornal AS, o clube francês está a preparar uma proposta milionária pelo central que inclui três anos de vínculo e 20 milhões de euros por ano. E será com esse trunfo na manga, apesar da intenção de terminar a carreira no Santiago Bernabéu, que Sergio Ramos está a negociar com o Real Madrid.

Vilão na seleção com os dois penáltis falhados, vilão no clube por estar à procura do que quer enquanto faz uma espécie de jogo duplo, o central espanhol era vilão assumido numa série desenhos animados. Nas últimas semanas, o site desportivo Bleacher Report estreou uma nova temporada da série animada “The Champions”, que gira à volta de uma mansão ficcional onde jogadores e treinadores dos clubes que estão na Liga dos Campeões coabitam. No segundo episódio, que foi divulgado no início desta semana, Christian Pulisic é uma espécie de espião que tem de descobrir quem raptou Callum Hudson-Odoi, Giroud e Kanté, três colegas do Chelsea. Quando chega ao local do crime e percebe que o raptor é o central do Real Madrid, questiona: “Sergio Ramos?”. A resposta do espanhol é simples: “Quem mais? Não, a sério, quem mais poderia ser o vilão?”. Ramos, o vilão, até enquanto personagem de desenhos animados.

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Esta terça-feira, em Sevilha, Espanha recebia a Alemanha e tinha de ganhar para carimbar o passaporte para a final four da Liga das Nações — aos alemães, porém, bastava empatar. Luis Enrique lançou Morata na frente de ataque, apoiado por Koke e Canales e com Ferran Torres e Dani Olmo a caírem nas alas. Do outro, Joachim Löw tinha o trio ofensivo habitual, com Werner, Gnabry e Sané, e colocava Kroos, Gundogan e Goretzka no setor intermédio. Mas nenhum dos selecionadores, com certeza, estava à espera daquilo que acabou por acontecer.

Morata abriu o marcador com passe de Fabian Ruiz (17′), que entretanto já tinha entrado para o lugar do lesionado Canales. Ferran Torres aumentou a vantagem (33′) e Rodri, ainda antes do intervalo, fez o terceiro dos espanhóis (38′). No fim da primeira parte, as únicas más notícias para Luis Enrique eram mesmo as lesões: para além de Canales, também Sergio Ramos acabou por sair ainda antes do intervalo devido a uma lesão. O central do Real Madrid agarrou-se à coxa ao rematar uma bola, o que deixa antever um problema muscular grave para defesa.

Seguiu-se a segunda parte. Ferran Torres bisou e completou o hat-trick em pouco mais de um quarto de hora (55′ e 71′) e mesmo antes do final da partida Oyarzabal (89′) ainda foi a tempo de levar o resultado para uns escandalosos 6-0. Joachim Löw lançou Tah, Neuhaus, Waldschmidt e Henrichs mas a Alemanha pouco ou nada conseguiu fazer face a uma Espanha totalmente eficaz e dominadora. A seleção de Luis Enrique carimbou o passaporte para a final four da Liga das Nações, ao terminar no primeiro lugar do Grupo 4, enquanto que a Alemanha sai da competição na segunda posição e totalmente humilhada. Sergio Ramos era o vilão de serviço mas o filme de terror, esse, acabou reservado para os alemães: que sofreram a pior derrota de sempre em jogos oficiais, a segunda pior de sempre se incluirmos particulares e a mais pesada desde 1954, há mais de 60 anos.

Ainda neste grupo e ainda esta quarta-feira, ficou por disputar a partida entre a Ucrânia e a Suíça — que iria decidir quem ficava na Liga A e quem descia à Liga B –, cancelada devido aos casos de Covid-19 na comitiva ucraniana.