É meio da tarde na China e o programa que está a ser transmitido na televisão estatal CCTV começa com uma voz-off: “A Agência de Segurança Nacional do Partido Comunista da China destruiu uma rede de inteligência de espiões de Taiwan, que foram enviados para o continente”. Após isso, chegam os apresentadores e dão início a uma hora de confissões.

O programa televisivo consiste nas confissões, por parte dos supostos espiões de Taiwan, de “todos os crimes que cometeram”. No oráculo da televisão pode mesmo ler-se “independentistas”.

Um dos exemplos dados é o de um “homem de negócios com motivos ocultos”, Li Mengju, que, ao que dá conta o El Mundo, entra em cena com roupa de prisão e diz perante as câmaras que “fez muitas coisas más no passado que podem ter prejudicado o país”. Segundo retratado no programa, Li terá sido apanhado a fotografar exercícios militares chineses.

Outro alegado espião que aparece é Cheng Yu-Chin, que a televisão estatal chinesa afirma ser o assessor do ex-Presidente Cho Jung-tai, do Partido Democrático Progressista (que governa Taiwan). O crime deste espião terá sido utilizar um instituto de investigação que estabeleceu em Praga como um esconderijo para obter informação prejudicial sobre a China, de maneira a prejudicar as relações entre a República Checa e a China.

Mas a veracidade dos factos apresentados no programa de televisão é colocada em causa. O ex-Presidente de Taiwan diz nunca ter conhecido o alegado espião que é apresentado como ser antigo assessor. E também o governo de Taiwan já reagiu — o primeiro-ministro afirmou que a “China está a difundir calúnias e a criar o terror” sobre alegadas ações de espionagem.

A China continental e Taiwan mantêm um conflito há vários anos. O governo de Pequim encara a Formosa como uma província rebelde, enquanto várias fações do território insular desejam a independência — tendo Taiwan um governo independente, reconhecido por 15 nações.

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