10 jogos, sete golos. Estamos em novembro e João Félix já marcou apenas menos dois do total que marcou em toda a época passada. O avançado português beneficiou da chegada de Luis Suárez, que o deixou com maior mobilidade e com a certeza de que não é o primeiro a ser substituído, beneficiou da experiência de um ano na liga espanhola e beneficiou das críticas que teve de ouvir ao longo da temporada anterior. Beneficiou e cresceu. E é esse crescimento que é cada vez mais visível em campo.
Nos últimos dias, depois de ter estado ao serviço de Fernando Santos na Seleção Nacional e de ter sido utilizado nos três jogos que Portugal realizou, tendo marcado um golo a Andorra a outro à Croácia, João Félix fez a antevisão ao encontro com o Barcelona no Wanda Metropolitano e garantiu que a equipa ia chegar “motivada”. “Vamos chegar bem ao jogo, muito motivados. Estamos a fazer as coisas bem e a conseguir bons resultados. Todos conhecemos o Barcelona, gosta de ter a posse de bola, de estar muito tempo com a bola. Isso vai obrigar-nos a correr um pouco mais do que o normal, mas vamos fazer o nosso jogo, impor a nossa maneira de jogar para fazermos um grande jogo. São os jogos que todos os futebolistas querem disputar, estes jogos grandes, frente a boas equipas e grandes jogadores. Estamos preparados para desfrutar ao máximo”, disse o jogador de 21 anos, muito elogiado pela imprensa espanhola nestas jornadas iniciais da liga espanhola.
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O momento de forma do avançado português foi tema também na conferência de imprensa de antevisão de Diego Simeone, que foi questionado sobre se Félix estava a preparar-se para ser o… Messi do Atl. Madrid. “Estamos a falar do João e ele vai ser o João. Tudo o que ele fizer será em seu próprio nome. Está a crescer diariamente e isso entusiasma-nos, porque ele está muito bem”, explicou o treinador argentino.
Ora, este sábado, o Atl. Madrid recebia um Barcelona que só ganhou um dos últimos cinco jogos para o Campeonato — sendo que os outros quatro incluem uma derrota com o Real Madrid e outra com o Getafe — e que atravessa um período de enorme instabilidade institucional depois da demissão de Josep Maria Bartomeu. Instabilidade essa que, de forma totalmente atípica, colocava até em causa a contratação de jogadores que são parte do plantel e que são normalmente titulares: como Griezmann.
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Victor Font, desde já candidato às eleições no clube catalão, mostrou-se publicamente contra a contratação do avançado francês ao Atl. Madrid, no verão do ano passado, por 120 milhões de euros. “É evidente que era uma contratação que não deveria ter sido feita. Griezmann joga na mesma posição de Messi e o encaixe seria muito complicado”, explicou Font em declarações à Cadena Cope, acrescentando ainda que não deixa de estar “surpreendido” com o fraco rendimento do francês, “em virtude do talento que tem”.
Sem Suárez e Lucas Torreira, ambos infetados com a Covid-19, Simeone lançava Ferreira Carrasco no papel de ala esquerdo que costuma ser de Renan Lodi e colocava Correa no ataque, ao lado de João Félix. Do outro, Ronaldo Koeman não surpreendia e desenhava o onze habitual, ainda que sem o lesionado Busquets: Griezmann numa posição ofensiva mais destacada e Messi, Pedri e Dembélé no apoio. No banco, estava Francisco Trincão.
A primeira parte trouxe um Barcelona com vontade de dominar e um Atl. Madrid que, apesar de tudo, parecia ressentir-se da ausência de Suárez. A equipa de Simeone habituou-se, neste início de temporada, a depender da presença forte do uruguaio para arrastar defesas e soltar João Félix, que aproveita essa referência para ser um autêntico vagabundo nas costas do ataque. Sem Suárez, o Atlético voltava à temporada passada: Félix recebia quase sempre de costas para a baliza, olhava para os lados e não tinha opções, sendo obrigado a devolver a bola para trás. Marcos Llorente protagonizou uma enorme oportunidade de golo, ao acertar na barra depois de um canto (11′), Messi viu Oblak roubar-lhe o primeiro do jogo (41′); mas o momento do jogo até então estava reservado para os descontos.
Correa tirou um passe vertical de vários metros para a profundidade de Ferreira Carrasco na esquerda e Ter Stegen, de forma algo inexplicável, decidiu sair da baliza e abordar pessoalmente a velocidade do belga quase a meio-campo. O problema foi que Carrasco tirou o guarda-redes da frente com um pormenor delicioso, a passar a bola entre as pernas do alemão, e depois só precisou de atirar para a baliza deserta (45+3′).
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Na segunda parte, nem Simeone nem Koeman fizeram alterações logo a abrir e acabou por ser o holandês a mexer pela primeira vez, já perto da hora de jogo, ao trocar Pedri por Philippe Coutinho. Depois do intervalo, porém, o Atl. Madrid trouxe do balneário o entusiasmo do golo marcado por Ferreira Carrasco no último fôlego do primeiro tempo e encostou o Barcelona ao próprio meio-campo. João Félix subiu de rendimento na segunda parte, assim como toda a equipa colchonera, e passou a funcionar mais como um médio ofensivo que atraía as atenções do adversário para depois lançar os colegas das alas e ganhar metros.
Até ao fim, sem alterações no resultado e com a saída de João Félix e a entrada de Trincão, o momento que marcou o jogo ficou reservado a Piqué. O central espanhol lesionou-se numa disputa de bola com Correa e caiu agarrado ao joelho, praticamente imóvel e já ciente da eventual gravidade da lesão. Piqué foi assistido no relvado, saiu de imediato para ser substituído por Sergiño Dest e abandonou o campo em braços, sem conseguir apoiar a perna no chão e sem conseguir esconder as lágrimas que lhe caíam pelo rosto. Uma lesão grave no joelho, aos 33 anos, pode significar o fim da carreira do espanhol. Simeone ganhou pela primeira vez ao Barcelona na liga espanhola e o Atl. Madrid confirmou a fase positiva, igualando a líder Real Sociedad e com menos um jogo; o Barcelona voltou a perder e confirmou a fase negativa e o total apagão de ideias e soluções, estando no 10.º (!) lugar da classificação. Mas este sábado, no Wanda Metropolitano, podemos todos ter perdido Piqué.
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