A agência de rating DBRS Morningstar, uma das quatro reconhecidas pelo BCE, diz que o “impasse político” gerado esta quinta-feira em torno do Novo Banco cria “incerteza” em torno do capital da instituição e traz “potencial para litigância” nos tribunais. A alteração orçamental foi uma “notícia inesperada” que a agência garante que irá continuar a “monitorizar” de perto, bem como as suas “implicações para o Novo Banco e para o setor bancário português como um todo“.
Os analistas Nicola De Caro e Elisabeth Rudman, que seguem de perto a notação de crédito do Novo Banco e de outros bancos portugueses, dizem numa nota publicada neste final de tarde que foram surpreendidos pela decisão do parlamento português: “Esta notícia foi inesperada e cria desafios para o Novo Banco, já que gera incerteza em torno do capital do banco e do plano de redução de riscos em curso, além de aumentar o potencial para litigância“, aponta.
A agência de rating diz que “até agora, o apoio do Mecanismo de Capital Contingente tem sido sempre oportuno e previsível” e, “apesar de complexo, tem demonstrado ser eficaz no apoio à reestruturação do banco e à redução do risco” do seu balanço, concretamente na gestão dos ativos tóxicos que o Novo Banco “herdou” do Banco Espírito Santo.
Neste contexto, “o apoio de capital é um fator crítico para o futuro do Novo Banco, já que apesar dos progressos na redução dos problemas que dizem respeito ao seu legado, o banco ainda tem um valor elevado em ativos não-performantes e a rentabilidade continua fraca”. A DBRS Morningstar tem, atualmente, uma perspetiva “negativa” sobre o rating do Novo Banco que, em nível “B”, já reflete riscos elevados para os investidores que investem na sua dívida.