De lágrimas nos olhos e com pausas no discurso para conter o choro, Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca, pediu perdão pelo abate de milhões de visons após ter sido detetada uma mutação do novo coronavírus transmissível ao ser humano por esses mamíferos.

“Temos duas gerações de criadores realmente qualificados, pai e filho, que em muito, muito pouco tempo tiveram o trabalho de uma vida destruído”, disse Frederiksen, após uma visita a uma quinta de criação de visons, na passada quinta-feira. “Tem sido emotivo para eles, e, desculpe, para mim também”, continuou com lágrimas nos olhos.

A Dinamarca é a responsável por 40% da produção global de pele de vison, tendo a China e o território de Hong Kong como principais mercados. No país existem 1.139 quintas de criadores de visons, que empregam cerca de seis mil pessoas. Com abate massivo destes mamíferos, o negócio poderá estar em causa.

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É por causa do vírus, e espero que possa haver uma pequena luz ao fundo do túnel neste momento para os criadores de visons dinamarqueses”, justificou.

A ordem para o abate de 17 milhões de visons no país foi dada no início do mês, quando uma mutação do vírus SARS-CoV-2 encontrada em visons foi também encontrada em cerca de duas centenas de pessoas, o que poderia colocar em causa a eficácia de uma futura vacina. “A infeção entre as quintas de visons está a aumentar em número e extensão geográfica, sem que medidas preventivas tenham funcionado”, admitiu, na altura, o centro de investigação dinamarquês Statens Serum Institut. De acordo com a última contagem, mais de dois terços dos 17 milhões de visons já foram abatidos.

Na semana passada, o ministro da Agricultura da Dinamarca, Mogens Jensen, demitiu-se após ter admitido que a ordem do governo de matar todos os visons não tinha base legal.