A semana da discussão e aprovação do Orçamento do Estado para 2021 foi “talvez e pior semana do ponto de vista político” para o Governo, defendeu Luís Marques Mendes. No espaço de opinião na SIC, o comentador invoca o debate orçamental para concluir que foi o fim da Geringonça do ponto de vista formal. O Orçamento foi muito desfigurado, porque o Governo enfrentou muitas maiorias negativas. “Saiu muito fragilizado, muito encurralado, muito desautorizado”.

Já sobre os partidos à esquerda, Luís Marques Mendes considera que o PCP foi muito inteligente na viabilização do Orçamento, “ao contrário do Bloco.O PCP foi o grande vitorioso, o Bloco foi o grande derrotado”, apesar de ter feito passar o chumbo da transferência do Fundo de Resolução para o Novo Banco. Isto porque chumbar um Orçamento nesta ocasião é muito impopular e porque o PCP conseguiu um “conjunto grande de ganhos de causa.”

Na análise ao caso Novo Banco, considera que todos saem mal da fotografia, mas guarda as maiores críticas para o Bloco de Esquerda.

“Quem sai pior no exercício da contradição e da hipocrisia é o Bloco de Esquerda” porque no passado aprovou orçamentos com injeções maiores para o Novo Banco. Agora é menos. mas não era dinheiro do Estado e o Bloco rejeita agora o que aprovou antes. Merecia o “Oscar da hipocrisia”. Mas não é o único.

O Chega também “foi extraordinário, teve as três posições possíveis diferentes em menos de 24 horas. Um catavento”, conclui e deixa o alerta para quem fizer um acordo com o partido de André Ventura: “Aqui está um parceiro fiável”. PSD e CDS também não estiveram bem, porque como partidos responsáveis deviam dizer que não bloqueavam o contrato, porque apesar péssimo deve cumprir-se. Para o ex-lider do PSD, a posição devia ter sido a de exigir a devolução do dinheiro se o Tribunal de Contas constatar que houve falhas na gestão do banco.

Já o Governo esteve bem, mas não tem grande autoridade para criticar porque foi António Costa quem abriu o precedente de vincular a injeção no Novo Banco ao resultado de uma auditoria. “Ficaram todos mal”.

Para Luís Marques Mendes, o problema não se resolve no Constitucional. Pode ir ao Tribunal Administrativo e se este emitir uma ordem para cumprir, o Governo pode recorrer à dotação provisional ou a um orçamento retificativo.

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