Antes de estar nas bocas do mundo devido à pandemia da Covid-19, a pequena cidade de Puurs, na Bélgica, já era motivo de orgulho nacional. Ou não fosse ela a casa da cerveja Duvel. Agora, contudo, até aqueles que não bebem cerveja ficaram a conhecer o nome desta pequena localidade com cerca de 17 mil habitantes, já que é de lá que vão sair as primeiras doses da vacina das farmacêuticas Pfizer e BioNTech contra a Covid-19. Numa primeira fase irão para o Reino Unido, uma vez que o regulador já aprovou o uso da vacina, e depois para o resto dos Estados-membros da União Europeia, mal haja luz verde por parte da Agência Europeia de Medicamentos.

Reino Unido já aprovou vacina, EUA podem aprovar em breve. Porque é que na Europa ainda vai demorar um mês?

Mas comecemos pela cerveja. De acordo com o El País, a Duvel nasceu graças a um dos irmãos Moogart, que esteve uma temporada na Escócia para perceber o que tanto fascinava os belgas nas cervejas britânicas. Uma vez concluído o estudo de mercado, regressou à sua cidade natal, localizada na região da Flandres, e esteve cinco anos a trabalhar numa receita de cerveja.

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E assim nasceu a Duvel. A origem do nome? Segundo o Politico, reza a lenda que vem de uma pessoa que se referiu à bebida como “o verdadeiro Diabo” — “Duvel” significa Diabo em holandês — devido ao seu elevado teor de álcool.

A cerveja entretanto chegou a outros países da Europa, aos Estados Unidos e até à Ásia, um pouco à semelhança do que deverá acontecer com a vacina contra a Covid-19, que está a ser desenvolvida numa fábrica da Pfizer, localizada nos arredores da cidade belga.

Estou muito orgulhoso que a Pfizer tenha decidido fabricar aqui a sua vacina. E numa altura tão difícil para nós, ajuda-nos muito saber que estamos a fazer um produto que será essencial para o futuro”, afirmou o autarca Koen Van den Heuvel, citado pelo jornal espanhol, que ocupa o cargo há 24 anos.

Mas a tradição farmacêutica da pequena cidade não é de agora. Puurs ganhou uma nova vida a partir do final do século XIX, altura em que se criou a ligação ferroviária com a cidade portuária de Antuérpia, e em meados do século XX, quando se começou a construir a estrada que potencia uma ligação direta com o aeroporto de Bruxelas.

“Graças a esses investimentos podemos exportar produtos daqui por barco ou por avião de forma relativamente rápida — o que é uma vantagem se se está a produzir algo para ser exportado globalmente”, contou Van den Heuvel ao Politico.

Esta situação aliada com políticas que tornaram o país mais atrativo a investimento estrangeiros, levaram várias farmacêuticas a deslocarem-se para terras belgas. Aliás, a Bélgica é  hoje em dia o país europeu que mais investimento no setor farmacêutico e químico: só em 2019 foram 4,5 mil milhões de euros.

A Pfizer chegou a Puurs porque comprou a Upjohn em 1963. Atualmente esta fábrica emprega cerca de três mil funcionários e produz mais de 400 milhões de doses de vacinas e medicamentos por ano. E se há coisa que não faltam agora na pequena cidade são jornalistas de todo o mundo.