O antigo chefe de Estado uruguaio Tabaré Vázquez (2005-2010 e 2015-2020), oncologista de formação e incansável lutador contra o tabaco, morreu este domingo, aos 80 anos, vítima de cancro do pulmão, anunciou a família.
“É com profundo pesar que anunciamos a morte do nosso querido pai”, escreveram os seus filhos Álvaro, Javier e Ignacio Vázquez, sublinhando que foi uma morte “natural”, causada pela sua doença.
O antigo presidente morreu “enquanto descansava, em sua casa, rodeado de familiares e amigos”, acrescentou o filho Álvaro, através do Twitter.
“Em nome da família, queremos agradecer a todos os uruguaios pelo afeto que recebeu durante tantos anos”, referiu.
O funeral do ex-presidente terá lugar hoje à tarde na mais estrita privacidade familiar devido à pandemia.
Tabaré Vázquez ficará para a história do país sul-americano como o político que conduziu a esquerda ao topo.
O socialista foi o primeiro candidato a chegar ao governo de Montevideu em 1990 e, 15 anos depois, à Presidência da República, com a Frente Ampla (FA), coligação criada em 1971 com a união de forças de esquerda, que vão desde a democracia cristã até à guerrilha MLN-Tupamaros.
O paradoxo da sua vida é que o cancro, do qual disse, certa vez, numa conferência em Espanha, ser “um mau amigo, mas não um assassino implacável”, acabou com a sua vida aos 80 anos de idade, a mesma doença que combatia como médico, depois de lhe ter tirado grande parte da família.
Para trás deixa um legado de políticas sociais e uma luta contra a indústria do tabaco, que foi um exemplo mundial nos seus dois mandatos como Chefe de Estado (2005-2010 e 2015-2020), mas também algumas sombras, como o seu veto – por razões religiosas – à lei do aborto ou a sua alegada omissão em casos de violação dos direitos humanos durante a ditadura civil-militar (1973-1985).