O Presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu esta terça-feira que vai estar “pessoalmente” envolvido no processo de reforma da polícia, que terá início em janeiro, na sequência de casos de violência por parte de alguns agentes.
Em resposta ao sindicato, Unité-SGP-FO, Macron afirmou, citado pela agência Efe, que vai participar no processo de discussão pública sobre a reforma, que também vai incluir temas como os recursos e a formação dos policias.
O Presidente da França defendeu que este processo é urgente e, por isso, solicitou ao ministro do Interior, Gerald Darmanin, que receba os representantes da polícia e dos guardas, num encontro onde deverão ser apresentadas algumas propostas.
Numa publicação na rede social Twitter, Darmanin indicou que as reuniões bilaterais vão decorrer em 18 de dezembro.
Em cima da mesa estarão temas como a formação destes profissionais, intervenções, controlo disciplinar, condições materiais, relação entre a polícia e os civis e número de trabalhadores.
Na sexta-feira, Macron já tinha prometido lutar contra a violência por parte da polícia, um fenómeno que notou ser isolado.
A manifestação realizada no sábado, em Paris, para protestar contra um projeto-lei sobre “segurança global” avançado pelo Governo francês degenerou em vários incidentes violentos, existindo relatos de veículos incendiados, segundo avançou, na altura, a agência France-Presse (AFP).
A AFP relatou igualmente que várias fachadas de estabelecimentos, nomeadamente de um supermercado, de uma agência imobiliária e de um banco, também foram danificadas.
A manifestação, que teve início na zona norte da capital francesa, foi acompanhada por um forte dispositivo de segurança, depois de no passado sábado outro protesto em Paris, convocado igualmente para contestar o polémico projeto-lei, ter degenerado em confrontos entre as forças policiais e ativistas radicais.
Aprovado no passado dia 24 de novembro pelos deputados da Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês), o projeto-lei sobre “segurança global” visa expandir alguns poderes e fornecer uma maior proteção às forças de ordem pública.
Entre outros aspetos, o texto adotado em novembro prevê um controlo da gravação e da divulgação indevida (com possível punição) de imagens relacionadas com as forças de ordem pública, algo que foi classificado por várias vertentes da sociedade francesa como um ataque à liberdade de imprensa e de expressão.
A polémica em redor deste diploma surge num momento em que o país tem sido abalado por alguns casos de violência policial, como foi o caso da recente situação que envolveu um produtor de música negro espancado por polícias à entrada de um estúdio de música em Paris.