José Brito passeava no sábado com o filho junto ao Tejo, na baixa de Lisboa, quando se apercebeu de que um homem se tinha atirado ao rio. Formou-se um aparato na margem do rio e os serviços de emergência foram chamados. Mas, vendo o homem, idoso, de barriga para baixo a boiar na água, sem se mexer, o cabo-verdiano de 37 anos não hesitou: tirou a roupa e atirou-se à água para o salvar.
As imagens e a história foram difundidas ao final da tarde de sábado pela CMTV, que recolheu o testemunho de José Brito depois do salvamento. “Pensei que se tivesse atirado para ir buscar qualquer coisa e comecei a filmar, mas ao fim de 45 segundos percebi que continuava de barriga para baixo, a boiar sem se mexer”, explicou o homem. “Uma pessoa daquela idade não iria aguentar muito tempo.”
José Brito puxou o idoso para a margem do rio e ajudou-o a voltar a respirar. Quando os bombeiros chegaram, alguns minutos depois, o homem de 68 anos já respirava normalmente, mas foi levado para o hospital de São José, na capital, onde foi internado.
O salvamento não deixou o Presidente da República indiferente. No próprio sábado, Marcelo Rebelo de Sousa fez sair um comunicado no qual enalteceu “o bom exemplo de solidariedade humana e de coragem demonstrado por José Brito, que enquanto passeava com o seu filho salvou uma vida humana”.
“Em tempos tão difíceis, esta ação certamente marcará os que assistiram, no local, ao salvamento, como todos os que dele tiveram conhecimento”, escreveu Marcelo. “O exemplo de José Brito deve ser distinguido pela coragem e pela vontade de ajudar o próximo.”
Segundo o Correio da Manhã, José Brito é um antigo pescador cabo-verdiano que se mudou para Portugal em 2004. À época, sofria de uma doença grave e precisou de assistência médica especializada e de um transplante de medula, que obteve em Portugal ao abrigo de um protocolo com os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Atualmente, trabalha numa associação que apoia pessoas sem abrigo.