O ministro do Ambiente salientou esta quarta-feira a importância da regeneração natural do Pinhal de Leiria, após o incêndio de outubro de 2017, revelando que já renasceram dois mil hectares e será dada mais uma oportunidade esta primavera.
Numa visita ao Pinhal de Leiria, na Marinha Grande, cujo incêndio de 2017 consumiu cerca de 85% da mata nacional, João Pedro Matos Fernandes afirmou que já se verificou regeneração natural em dois mil hectares e há “expectativa” que ainda venha a existir mais.
“Temos de deixar passar esta primavera para o poder confirmar, mas àqueles que disseram que é tolice esperar pela regeneração natural, não preciso dizer mais nada além daquilo que os senhores viram“, adiantou aos jornalistas o ministro do Ambiente e da Ação Climática.
Segundo o governante, foi possível verificar “pinheiros com dois anos de vida e também pinheiros muito jovens, que acabaram de rebentar há poucos meses”. Por isso, “vale mesmo a pena deixar passar esta primavera”.
O ministro afirmou que “até ao final desta legislatura” verificar-se-á uma “intervenção em praticamente toda a área de pinhal, seja nos mais de 2.500 hectares” que vão ser plantados, seja nos “ainda dois mil hectares” que se espera que venham a ter “regeneração natural”.
Há uma coisa que não temos dúvidas: os melhores pinheiros que poderão vir a existir no Pinhal de Leiria são mesmo os que já cá existiam, as sementes de pinheiros que aqui estão. Por isso, devemos fazer mais este ciclo de espera. O ideal é que os pinheiros do futuro sejam filhos dos pinheiros do passado, que aqui lançaram sementes”, reforçou.
O ministro adiantou ainda que a previsão que existe para a conclusão da plantação da mata nacional é “até ao final de 2023”.
Matos Fernandes lembrou que aproveitar as sementes dos pinheiros antigos dá “garantia do crescimento são e sem doenças destes pinheiros e para a biodiversidade que existe”.
“Uma floresta é muito mais do que um somatório de árvores. É um espaço basilar para a diversidade”, sustentou.
“No prazo máximo de três anos o Pinhal de Leiria, com quase 10 mil hectares, vai ser todo intervencionado. Mas, para que as pessoas voltem a desfrutar da imagem que tinham do Pinhal de Leiria, com pinheiros com dezenas de metros de altura, aí sim, teremos de esperar 30 anos.”
Segundo o ministro, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já interveio em “aproximadamente 1.500 hectares”.
“Já aqui foram investidos mais de dois milhões de euros e estão programados para serem investidos, nos próximos três anos, mais 4,5 milhões de euros. Agora, muito tempo demorará até que se possa mostrar o bom trabalho. Eu já não serei ministro, de certeza absoluta”, afirmou, em resposta a críticas de que nada tem sido feito no Pinhal.
Matos Fernandes revelou ainda que a venda do material queimado gerou cerca de 15 milhões de euros de receita, “receita que era esperada em 30 anos e, tristemente, foi conseguida num só ano”.
Nuno Banza, presidente do conselho diretivo do ICNF, explicou ainda que os pinheiros que arderam junto à faixa costeira não foram retirados de propósito. “Estão a manter a estrutura do solo e permite evitar o avanço da erosão costeira e das areias. Vamos fazer uma intervenção pontual ao longo do tempo, retirando a madeira queimada, mas de forma a não reestruturar o solo.”