O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, reafirmou esta sexta-feira “querer muito” que Portugal venha a ter uma refinaria de lítio, havendo já muitos municípios dispostos a acolhê-la.
“Queremos muito que Portugal venha a ter uma refinaria de lítio, aliás há municípios que já tornaram público o seu interesse, mas nenhum deles é Matosinhos [distrito do Porto]”, afirmou o governante, no final de uma reunião com estruturas sindicais dos trabalhadores da refinaria da Galp de Matosinhos, que encerra este ano.
A propósito do fecho da refinaria, e questionado sobre a possibilidade de ali nascer uma refinaria de lítio, o ministro vincou que os terrenos são da Galp, sendo essa a saber que destino lhe quer dar.
Insistindo não saber qual o destino dos terrenos onde está instalada a refinaria e no facto do Governo não se pronunciar sobre o encerramento de empresas privadas, o ministro sublinhou que a sua preocupação é a segurança do abastecimento.
“Tinha [Governo] de se pronunciar sobre a segurança do abastecimento e, essa, está garantida mesma sem a existência desta refinaria”, ressalvou.
Matos Fernandes reforçou que Portugal quer aproveitar o facto de ser um país “potencialmente rico em lítio” refinando-o, criando condições para a produção de células e, depois, de baterias.
Ministro “estranha” que Galp e sindicatos não discutam fecho de refinaria em Matosinhos
O ministro do Ambiente e da Ação Climática disse “estranhar” que, na sequência do anúncio do encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos, ainda não tenha havido uma reunião entre a administração da empresa e os sindicatos.
Confesso que não é uma boa notícia, e a minha fonte [de informação] são os sindicatos, que ainda não tenha havido uma reunião formal entre o Conselho de Administração [da Galp] e as estruturas sindicais”, afirmou Matos Fernandes, no final de uma reunião com os representantes dos trabalhadores, no Porto.
A Galp vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano.
Esta decisão, anunciada a 21 de dezembro de 2020, põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos.
A 30 de dezembro, e numa reunião pública do executivo municipal de Matosinhos, o responsável pela refinaria, José Silva, garantiu que a decisão de encerrar “está tomada e fechada”.
Sobre os postos de trabalho em causa, Matos Fernandes referiu ser uma “evidência” que com o fecho da refinaria esses vão ser “perdidos”, mas garantiu um “fortíssimo empenho do Governo” em criar novos negócios, nomeadamente ligados às energias renováveis, para absorver essa mesma mão-de-obra.
Contudo, salientou, esses trabalhadores têm de ser “requalificados e formados”, algo assegurado e previsto pelo fundo para a transição justa.
Em Portugal, já foram criados nove mil empregos líquidos relacionados com este setor, acrescentou.
O ministro admitiu que este “tipo de fenómenos”, referindo-se ao fecho deste tipo de instalações, vai acontecendo em Portugal e na Europa no âmbito do caminho traçado para a descarbonização.
“Há um caminho para a descarbonização e Portugal tem como compromisso ter cada vez menos emissões carbónicas”, vincou.
Matos Fernandes frisou que ser neutro em carbono “é bom para a economia” porque cria emprego e estimula o investimento, sobretudo em energias renováveis.
E, a título de exemplo, o titular da pasta do Ambiente reforçou que os projetos ligados às energias renováveis “não fazem perder empregos”, antes pelo contrário.
Os trabalhadores da refinaria têm prevista uma concentração para dia 12 de janeiro, com saída do complexo industrial até à Câmara de Matosinhos, para protestar contra a decisão de encerramento.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.